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Três Lagoas

Seis mil trabalhadores cruzam os braços e interditam rodovia

Pela quarta vez neste ano, operários que trabalham na construção da unidade de fertilizantes param

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Cerca de seis mil trabalhadores que prestam serviço para o Consórcio UFN 3, na construção da fábrica de fertilizantes da Petrobras, em Três Lagoas, cruzaram os braços na manhã de ontem e, como forma de chamar a atenção, interditaram a BR-158, rodovia de acesso a Brasilândia. Eles atearam fogo em pedaços de madeira, entre outros objetos, e fizeram uma barricada que interditou a rodovia. Uma fila quilométrica de veículos formou-se às margens da rodovia, já que os grevistas não permitiam a passagem dos condutores no sentido Três Lagoas a Brasilândia, e nem no sentido contrário.

A greve, a quarta deste ano, é organizada por um grupo de operários. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e de Mobiliário e Montagem (Sintricom) de Três Lagoas foi proibido de continuar comandando a greve. Por decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o sindicato teve que encerrar a greve, iniciada na última segunda-feira. Por esse motivo, os trabalhadores tiveram que retornar ao canteiro de obras na quarta-feira.


Na quinta-feira, foi realizada uma reunião no TRT, em Campo Grande, com os representantes do Sintricom e do Consórcio, responsável pela obra, mas não se chegou a um acordo em relação a todas as reivindicações dos trabalhadores. Segundo o presidente do sindicato, Gilson Brito Frazão, o Consórcio comprometeu-se em substituir os ventiladores do alojamento por condicionadores de ar, conforme exigência dos operários.
 Foi acertado também que seriam instaladas torres de telefonia móvel no alojamento, já que os trabalhadores reclamam que não conseguem falar com seus familiares, uma vez que o celular não funciona adequadamente no local. Ficou definido ainda que seriam instalados terminais eletrônicos no alojamento e também no canteiro de obras. O Plano de Saúde também será revisto para melhor atender aos trabalhadores. Entretanto, o Consórcio negou-se a aumentar o vale- alimentação dos trabalhadores, que hoje é de R$ 250 para R$ 500, e também de transferi-los para o alojamento “fazendinha”, em Três Lagoas, conforme reivindicação dos operários. 


Diante dessa situação, na manhã de ontem, o sindicato comunicou os trabalhadores da decisão do TRT e da contraproposta das empresas, porém, os operários não aceitaram e decidiriam iniciar a greve. “A obra está paralisada porque os trabalhadores não aceitaram somente as questões sociais. Eles querem reajuste salarial de 10%. A decisão em parar foi desse grupo de trabalhadores e não do sindicato. Nós estamos apenas dando suporte, como carro e advogado, porque, querendo ou não, esse apoio temos que dar”, justificou o presidente do Sintricom, Gilson Brito Frazão.


“Pretendemos ficar parados até a situação se resolver. A prefeita não nos aceita na cidade, mas nós não somos bichos para ficar no meio do mato. Queremos ficar no alojamento da cidade. Outra questão é que o vale-alimentação dos encarregados é maior do que o nosso. Isso está errado. Reivindicamos também diminuição na folga de campo. Queremos ver nossas famílias a cada dois meses e não a cada noventa dias”, disse Edvaldo dos Santos, integrante da comissão dos trabalhadores, que está encabeçando a greve.