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Três Lagoas

Santa Casa de MS apura participação de funcionários em rede de facilitação

Funcionário foi demitido por suspeita de encaixar paciente em fila de cirurgia

A diretoria da Santa Casa de Campo Grande investiga a participação de outros funcionários em uma rede de facilitação de vagas para pacientes em cirurgias eletivas. A informação foi dada pelo diretor-presidente Wilson Teslenco, durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (18).

Teslenco afirmou que um processo administrativo será aberto para apurar os casos suspeitos que surgiram mesmo após a demissão de um funcionário, que teria falsificado documentos para encaixar um paciente estrangeiro na fila para uma cirurgia cardíaca. A diretoria do hospital não informou a data em que o servidor foi demitido.

Durante a coletiva, a diretoria afirmou  que não há provas materiais de que o funcionário demitido "vendeu a vaga", mas informaram os motivos que levaram à demissão dele. "Não temos as provas documentais disso. Aqueles que pagam não falam, e quem recebe muito menos ainda", justificou Teslenco.
Segundo a diretoria, o funcionário foi dispensado porque forneceu o próprio endereço como se fosse o endereço do paciente. "Entendemos que essa atitude foi ilegal e imoral. O paciente não mora em Campo Grande, não mora no Brasil, não tem carteira de estrangeiro ou visto de permanência e por isso não poderia utilizar-se do serviço de saúde pelo caminho que utilizou", explicou o diretor-presidente.


A diretoria tomou conhecimento do caso porque o paciente estrangeiro havia negociado o valor do procedimento com o hospital e já havia marcado a data para a cirurgia, mas "subitamente", segundo Teslenco, "apareceu" já em recuperação na UTI do hospital. "Quando nós fomos checar como ele tinha entrado, aí surgiram essas informações e o hospital teve que agir", afirmou.


De acordo com o diretor-técnico do hospital, Luiz Alberto Kanamura, a cirurgia do paciente estrangeiro foi custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas inicialmente seria feita por um pacote social, que teria valor menor do que uma particular, que custaria cerca de R$ 40 mil.


Denúncias
A diretoria do hospital afirmou que a suspeita é de que outros funcionários de vários setores do hospital estejam envolvidos em uma rede de facilitação de vagas.


Segundo Teslenco, uma das formas de combater esse procedimento ilegal é a denúncia por parte dos usuários. A diretoria reconheceu que tem conhecimento de que a prática de oferecer agilidade no serviço em troca de dinheiro é comum em vários hospitais, mas afirmou que sem denúncias concretas fica difícil a investigação e a punição dos envolvidos. "Nós precisamos. Isso é um apelo, para que os usuários do sistema, quando abordados por essas ofertas, denunciem".


Ainda segundo o diretor-presidente, os pacientes que tiverem participação no esquema de facilitação não serão responsabilizados. “Ninguém está passando na frente da fila pra ir pra Disney. Ele está passando na frente, está eventualmente comprando um acesso, mas está fazendo isso pra ir pra uma mesa de cirurgia, correr o risco pra sobreviver”, afirmou.