Hoje é comemorado o Dia do Capoeirista. A capoeira é uma arte marcial afro-brasileira criada por negros trazidos de seu país para serem escravos nos engenhos (fazendas de cana destinadas à produção de açúcar) no Brasil Colonial do século XVI.
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Os escravos eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato (espécie de mercenários que tinham como tarefa principal capturar os escravos fugitivos para seus amos), que tinham uma forma de agir extremamente violenta.
Para se defender desses maus tratos, os escravos criaram a luta disfarçando seus movimentos. Porém, tinham que treinar sem levantar suspeitas de seus senhores. Foi então que passaram a misturaram chutes e cabeçadas a cânticos e danças africanas. Essa atividade acontecia nos arredores das senzalas em terreiros de mato cortado. Em tupi-guarani, mato cortado ou extinto, formaria um vocábulo parecido com a palavra capoeira, “caápuêra”. Esta seria a explicação mais aceita por pesquisadores para a origem da palavra.
Em 1890 a capoeira foi proibida no Brasil, sendo que sua liberação aconteceu apenas em 1930. Em 7 de Agosto de 1985 foi aprovada a Lei nº 4.649, que oficialmente declarou o dia 3 de agosto como o Dia do Capoeirista. Atualmente a atividade é praticada em mais de 150 países, sendo que somente no Brasil existem mais de cinco milhões de capoeiristas.
Estilos
A capoeira tem três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira Angola, que se caracteriza pelo ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia.
O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira Angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas.
Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade.
COMEMORAÇÕES
Atleta do Bem
O grupo Capoeira Atleta do Bem vai realizar hoje uma roda diferente em comemoração à data. Todos os sábados, o grupo se reúne no pátio da Sejuvel, na Lagoa Maior. Mario Marcio disse que, desde ontem, vem recebendo ligações de várias pessoas parabenizando pelo dia. Ele começou na capoeira em 1991, depois de sofrer um acidente e os médicos falarem que não voltaria a andar. Mário diz que quando voltasse a andar iria praticar capoeira. “A capoeira pra mim é a base para ser a pessoa que sou a minha vida se baseia pela capoeira, é um estilo de vida, eu respiro capoeira”. Diz ele.
Sobre os preconceitos com o esporte Mario diz que a capoeira mudou porque o capoeirista mudou, hoje segundo ele todos os mestres tem curso superior ou estão cursando, no entanto Mario diz que discriminação existe até hoje, e finaliza dizendo que qualquer pessoa que se preparar pode ser o que quiser inclusive capoeirista.
José Augusto Dias (Baratta) – Abadá Capoeira
Já José Augusto Dias, o Baratta, do Abadá Capoeira, começou no esporte em 1999. Baratta jogava Futebol de Salão, mas teve que começar a trabalhar e não sobrava tempo para jogar. Então, ele começou a treinar capoeira aos sábados. Baratta é o líder em Três Lagoas e Aluno Graduado. Para comemorar o dia, o grupo vai se reunir às 16h ao lado da Biblioteca Municipal Rosário Congro, onde além da roda será passada a importância da capoeira. Baratta define a capoeira como um estilo de vida e diz que aprendeu muitas coisas na capoeira e que tem levando para a vida os aprendizados da capoeira. Sobre a discriminação o atleta diz que começou com 21 anos e que seu pai, sempre o perguntava se era bom fazer capoeira, mas sempre o respeitava dizendo: “você é adulto, então sabe o que faz”.
Atualmente, o atleta diz que ainda existe sim discriminação porque, como qualquer outro esporte de luta, onde muitas vezes as pessoas falam sem ter conhecimento do que realmente é, “É uma corda bamba onde quem pratica gosta de viver nesta corda bamba, gosta do desafio”, diz.
Regional Brasil
Edson Ferreira da Silva, o Mestre Sapela, do Grupo Capoeira Regional Brasil, informou que o seu grupo vai reunir hoje às 19h na Praça Senador Ramez Tebet, onde vai ser repassado aos atletas e também ao público presente sobre o dia Nacional do Capoeirista. Sapela diz que todos os capoeiristas estão convidados a participar dessa roda.
Mestre Sapela começou na capoeira precisamente no dia 11 de agosto de 1989, segundo ele havia muita discriminação e hoje já melhorou bastante na sua visão. “A capoeira é muito respeitada e reconhecida fora do país, a quantidade de pessoas praticando capoeira já era para estar nas olimpíadas”, diz. Questionado sobre como seria a participação nas olimpíadas Sapela diz que talvez apenas em forma de apresentação, mas que isso é quase impossível devido à quantidade de federações e a não padronização da graduação, onde cada grupo segundo ele tem sua forma de graduar.
Grupo Memória
Segundo Fernanda Aranha, do Grupo Memória, as comemorações já aconteceram no decorrer da semana e que hoje o grupo não vai realizar nada em virtude da mestre do grupo estar viajando e também pelo fato de que a mesma está em recuperação.
Fernanda diz que durante a semana foram realizadas rodas com as crianças e houve o momento de repassar a história e a importância cultural da capoeira, segundo ela todos os anos e feito este trabalho.
