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Três Lagoas

PIB versus IDH

O Produto Interno Bruto (PIB) é o índice que mostra o nível de crescimento econômico por meio da medição do valor monetário de todos os serviços e produtos finais produzidos por um país. É um índice extremamente importante, pelo qual os governantes velam assiduamente durante seu governo, pois um período que não obteve aumento do PIB é considerado um período de estagnação, ou seja, sem crescimento econômico. Maior ainda a preocupação se este cai, porque isso significa um retrocesso, que pode originar desemprego e crises econômicas. Esse é um brevíssimo resumo do que é o PIB e de quais são as principais razões da essencialidade de sua mensuração e do fomento ao seu crescimento.

Já o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida de progresso em longo prazo que verifica três dimensões básicas: renda, educação e saúde. Foi criado por MahbubulHaq, um economista paquistanês, justamente na intenção de ser um contraponto ao PIB, que mensura apenas as dimensões econômicas do crescimento.


Diante desses dois conceitos contrários, dois questionamentos básicos emergem: Qual a ligação entre eles? Onde foi encontrada a necessidade da criação do IDH? Essas perguntas podem, à primeira vista, parecer algo de difícil resolução, mas não o são. Ora, o desenvolvimento econômico pode “arrastar” consigo apenas uma determinada classe da sociedade, ou duas, que sejam as primeiras (A e B). E o “restante” da população? Onde fica numa escala de crescimento superficial? Fica no mesmo lugar onde estava! Ou até pior… Por isso, o IDH vem mensurar a qualidade de vida das pessoas, de todas as classes.


A renda que dá poder de compra, de satisfação das necessidades materiais do indivíduo; a educação, o acesso a ela. A alavanca do indivíduo para um bom lugar no mercado de trabalho; e na saúde, condições dignas de atendimento nos meios públicos. O crescimento da minoria que já possui uma boa posição não representa um crescimento sadio.


É nesse ponto que surge a “humanização da economia”. A preocupação com o ser humano em meio aos “booms” econômicos, aos crescimentos das economias, aos aumentos de produção, a globalização. Muitas vezes, se formos procurar o ser humano nesses fenômenos econômicos, o encontraremos perdido em alguma margem do processo; em algum canto que não foi visto pelo governo, pelas autoridades constituídas. E isso é lamentável. A grande motivação de todo processo revolucionário econômico e social, o homem, é muitas vezes deixada de lado. É nele que nasce e se reproduz a engenhosidade em desenvolver processos econômicos, leis, direitos, deveres, fórmulas matemáticas, enfim, tudo que se utiliza para que esse homem se organize em sociedade.


O homem cria todos esses processos para sua própria autopreservação, autopromoção e de toda sua espécie. Ao menos era para ser isso… Com o capitalismo, algumas coisas ficaram confusas. Alguns conceitos foram deturpados. O homem busca cada vez mais apenas para si, enquanto outros de sua espécie podem ficar em situações de subsistência, de calamidade humana. E o que achamos disso? Que é apenas a lei da sobrevivência fazendo seu serviço: só os mais fortes têm vez; os fracos ficam para trás.


A ideia da subjetividade na economia é algo que vem ganhando espaço nas pesquisas, livros, artigos e mídia. Depois de várias décadas acreditando que a economia fosse apenas o emaranhado de gastos, receitas, taxas, índices, juros e outros, uma “nova” verdade se apresenta: o fator que dinamiza todo processo econômico (e todo ele) e que, por isso, é fundamental, é o ser humano. Para ele e por ele as coisas devem acontecer, tendo a igualdade entre todos os seres humanos.


O IDH tende a dar mais dignidade ao ser humano. Possibilita um sentimento de humanismo em meio a trâmites econômicos, mas sempre vai depender do próprio ser humano a tomada do controle do sistema (que é apenas sua criatura), fazendo valer a importância dele mesmo no universo em que habita.

*Patrícia Tozzo de Matos: Acadêmica de Administração da UFMS de Três Lagoas (MS) – E-mail: [email protected]; Marçal Rogério Rizzo: Economista e professor da UFMS de Três Lagoas (MS) – E-mail: [email protected]