A falta de investimentos nos últimos anos na renovação dos canaviais pode afetar a próxima safrado setor. Segundo o diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, com a crise internacional e a baixa nos preços do álcool, a indústria deixou de investir na recuperação das lavouras.
De acordo com os dados divulgados ontem (31) pela Unica, os investimentos nos canaviais em 2009 foram 23% inferiores aos de 2008. Rodrigues destaca que o envelhecimento da plantação torna mais imprevisível a produção. “Ninguém tem condições de fazer planejamento de safra em um canavial desequilibrado”, ressaltou.
Rodrigues acredita que as empresas do setor terão que investir em seus canaviais na próxima entressafra, o que reduzirá a área disponível para a colheita. “Você termina essa safra com um canavial totalmente desequilibrado e as empresas querem normalizar o seu canavial. Aumentando a área de reforma ano que vem, você vai ter menos disponibilidade de área para colheita”, explicou.
As novas áreas de plantação de cana-de-açúcar conseguirão, segundo Rodrigues, compensar dificilmente as áreas que precisam ser reformadas. “Evidente que continuará havendo expansões, mas o cenário provável é que não compense a redução da área a ser colhida na próxima safra”, destacou.
A safra deste ano, 2010/11, deve superar em 10% a anterior, totalizando 595 milhões de toneladas de cana moída, segundo estimativa da Unica. A produção de etanol deve chegar aos 27,3 bilhões de litros, 15% do que da última safra. No açúcar, a produção deve aumentar 19,1% e chegar a 34 milhões de toneladas.
Segundo a Unica, os resultados deverão mostrar a normalização da safra, após um ano atípico. O excesso de chuvas em 2009 prejudicou, de acordo com a entidade, a safra passada e foi responsável pela grande alta nos preços verificada a partir do final do ano. Além disso, os produtores haviam vendido parte do produto abaixo do preço de custo no início do ano para compensar uma falta de liquidez.
O presidente da Unica, Marcos Jank, ressaltou que, no entanto, as condições excepcionais verificadas no ano passado tem poucas chances de repetir. Ele acrescentou que a indústria trabalha em conjunto com o governo federal para fortalecer um programa de estocagem de etanol para dar mais estabilidade aos preços do produto.