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Grupos gays criticam comentários do Vaticano sobre pedofilia

"Ainda tenham que lidar com um mito tão ofensivo"

Ativistas de direitos dos homossexuais criticaram, nesta terça-feira, os comentários feitos no dia anterior pelo responsável pelas Relações Exteriores do Vaticano de que a causa por trás dos casos de pedofilia na Igreja seria o homossexualismo, e não o celibato.

Um porta-voz do grupo britânico Stonewall disse ser extremamente surpreendente que os homossexuais "ainda tenham que lidar com um mito tão ofensivo", que deveria ter desaparecido junto com a Inquisição espanhola no século 19.

Na segunda-feira, o cardeal Tarcisio Bertone disse que "muitos psicólogos, psiquiatras demonstraram que não há relação entre celibato e pedofilia mas muitos outros demonstraram, me disseram há pouco tempo, que existe uma ligação entre homossexualismo e pedofilia".

"Isso é verdade. Tenho os documentos de psicólogos. Este é o problema", disse Bertone durante visita ao Chile na qual tentou amainar os escândalos envolvendo os casos de denúncia de abuso de crianças.

Patrício Walker, senador chileno envolvido na formulação de leis contra a pedofilia, disse que gostaria de ver os estudos científicos mencionados pelo cardeal, porque ele não acredita que estes possam estar corretos.

Em Roma, o presidente do grupo de defesa dos direitos gays Gaylib, Enrico Oliari, disse ser "preocupante que o ministro das Relações Exteriores de um Estado que ocupa o centro da capital italiana use argumentos que seriam considerados ultrapassados até no terceiro mundo".

O ex-presidente da associação gay italiana Arcigay, Aurelio Mancuso, disse que “a verdade é que Bertone está, de forma atrapalhada, tentando desviar a atenção para a homossexualidade dos crimes contra crianças que emergem diariamente”.