A Câmara dos Deputados pagou oito voos para um motorista do empresário Fernando Sarney – filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) – que, como o patrão, é investigado pela Polícia Federal na Operação Boi Barrica, de acordo com o site "Congresso em Foco". Marco Antônio Bogéa usou a cota do líder do PV, Sarney Filho (MA), irmão de Fernando, e de outros três deputados entre julho de 2007 e julho de 2008. Ele não tem qualquer vínculo com a Câmara. Bogéa e Fernando Sarney estavam na lista de suspeitos de participação num suposto esquema de corrupção em estatais do setor elétrico.
Registros das companhias aéreas analisados pelo site revelam que Bogéa voou cinco vezes na cota de Sarney Filho, sempre entre Brasília e São Paulo. Em outras duas oportunidades, ele usou os créditos da Câmara reservados aos deputados Raimundo Veloso (PMDB-BA) e Gonzaga Patriota (PSB-PE). No caso deste, a passagem foi emitida para o trecho Brasília-São Paulo; no daquele, para o trecho Brasília-Teresina.
Um destes voos (do dia 19 de julho de 2008) foi monitorado pela Polícia Federal. Bogéa teria levado uma mala de Brasília para São Paulo a pedido do empresário Fernando Sarney. A passagem, paga pela Câmara, foi emitida numa troca de cotas entre os deputados Carlos Abicalil (PT-MT) e Valadares Filho (PSB-SE).
De acordo com o relatório da operação da PF, foi Astrogildo Quental, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Eletrobrás, quem entregou a carga para Bogéa antes do embarque. O conteúdo dessa mala é objeto de investigação da PF. Sarney Filho, líder do PV, informou que cedeu passagens a Bogéa porque os dois são amigos desde a infância, em São Luís. “O Marco Antônio Bogéa estava passando por um momento difícil, enfrentando um tratamento de câncer em São Paulo. Eu o ajudei com as passagens como também no tratamento médico”, justificou Sarney Filho, por meio de sua assessoria de imprensa.