Apelo ao presidente da República, que tem-se destacado no campo social e no combate à atual crise, para que volte seus olhos para a política externa e não a deixe prejudicar os interesses e a imagem do Brasil e do seu próprio governo". O alerta foi feito pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), ao analisar as falhas de avaliação e de procedimento que o Itamaraty teria cometido ao apoiar a candidatura egípcia ao cargo de diretor-geral da UNESCO, e ao pleito brasileiro ao órgão de apelação da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Na avaliação do senador por Alagoas, tanto no caso da UNESCO como no da OMC foram cometidas várias impropriedades. O candidato egípcio que o Itamaraty apóia para a UNESCO, avaliou Collor, peca pelo perfil polêmico e tem sido duramente atacado por suas posições intolerantes. Ele acrescentou que sequer existe uma unidade árabe ou africana que venha a se refletir em uma futura compensação para o Brasil em virtude desse apoio.
Com relação à OMC, Fernando Collor classificou de "pelo menos temerária" a pretensão de substituir um especialista brasileiro, Luis Olavo Baptista, que exerceu a função por oito anos, fato que atentaria contra os critérios geográfico e o de rotação de cargos. A China foi contrária à candidatura brasileira, que sequer recebeu grande apoio sul-americano.
– Não podemos aceitar que se submeta a brilhante ministra Ellen Gracie, marco da história do Poder Judiciário do Brasil, primeira mulher a integrar e a presidir a Suprema Corte, a uma situação pouco cômoda. Não podemos admitir que a diplomacia brasileira despreze personalidades como o eminente senador Cristovam Buarque, um dos mais ilustres homens públicos do país, e que desconsidere o competente funcionário internacional Marcio Barbosa, com larga folha de serviços prestados – afirmou Fernando Collor.
Para Fernando Collor, o Itamaraty se equivoca ao superestimar o peso estratégico brasileiro e a capacidade de articulação, que tem se pautado por uma até então infrutífera campanha por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Outro equívoco seria dar mais atenção a uma pretensa solidariedade terceiro-mundista do que ao realismo nas relações internacionais.