A regulamentação da profissão de motoboy, que prevê a permissão do mototáxi, será votada hoje no Senado. A expectativa das entidades de classe é de que o projeto seja aprovado pelos senadores e vá para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se isso acontecer, as Câmaras Municipais de todo o País ficam livres para criar leis que regulamentem o serviço de mototáxi.
Mas, na capital paulista, esse sistema de transporte encontra resistências. O secretário municipal dos Transportes, Alexandre de Moraes, é contra. Para ele, seria uma “carnificina”. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) também desaprova. A Frente Nacional de Prefeitos (FNP), da qual ele participa, enviou documento ao Senado se posicionando contrariamente à aprovação. Entre os argumentos estão aumento da lentidão e a falta de segurança. Em São Paulo, 478 pessoas morreram vítimas de acidentes de moto em 2008, ou uma média de quase 40 por mês.
Apesar de aprovarem a ideia, entidades de classe são realistas com relação à eficácia do projeto na capital. Lucas Pimentel, presidente da Associação Brasileira de Motociclistas (Abram), é favorável à regulamentação de mototáxis, mas diz que a medida não vai pegar em São Paulo. “É um projeto para começarmos a discutir daqui a cinco anos. Hoje, o que está no auge é o número de acidentes de trânsito com motos. Além disso, ainda existe preconceito contra a categoria.”
Favorável ao projeto, o presidente da Federação dos Mototaxistas e Motofretistas do Brasil (Fenamoto), Robson Alves, também faz ressalvas. Para ele, a capital paulista tem realidade diferente das demais cidades do País. Alves cita, por exemplo, o fato de o serviço público de transporte funcionar, embora esteja longe do ideal. “Se alguém na Sé precisa ir para Santana, de metrô é muito mais rápido. O custo do serviço não vai compensar.” Dados da entidade apontam que existem no País cerca de 500 mil mototaxistas em 3.500 municípios.