A cada dia um novo “round”. Se o Legislativo não faz a lição de casa, o Judiciário acaba tomando decisões que interferem diretamente na vida do outro poder. Aí nossos gloriosos políticos reclamam dessa invasão de competência, mas nada fazem de fato para colocar um ponto final nesta novela.
Questões pontuais que já deviam ter sido decididas pelo Congresso são empurradas com a barriga objetivando beneficiar quem está no poder. O último caso amplamente divulgado é o da fidelidade partidária. Mais de dois mil vereadores e deputados estaduais dependem de recursos envolvendo a matéria.
Aquela promessa da reforma política, desde os tempos de FHC não saiu dos discursos. Ao tomar posse, Lula percebeu que sem as velhas oligarquias (leia-se Sarney e Cia) não teria êxito no governo e tratou de colocar panos quentes e pouco tem tocado no assunto. As eleições de 2.010 estão aí e as chances de mudanças estão na mesma proporção de se encontrar neve no Pantanal.
Embora o Judiciário dependa do Executivo em alguns pontos, velhas questões intrigantes sobrevivem. Como pode um político, sem preparo intelectual, conseguir um salário superior ao de um Juiz que estudou anos a fio e ainda prestou concurso para o cargo? Na prática, quem tem mais poder: um Juiz ou um deputado ou senador?
A classe política agrada e até suporta o Judiciário, mas seus integrantes fazem críticas veladas e abertas. Os políticos acham que suas responsabilidades sociais perante o povo são maiores que as do Judiciário. Alegam que de quatro em quatro anos são submetidos a um verdadeiro plebiscito popular e guindados a condição de legítimos representantes da população. E aí se acham os donos da bola!
Enquanto isso o tempo passa e pouco coisa muda neste cenário. Sem a reforma partidária as próximas eleições prometem reprisar integralmente as últimas. Brasília continuará sendo a ilha da fantasia, freqüentada pelos nossos “legítimos representantes” de terça feira a quinta feira”. Afinal, ninguém é ferro.
Como dizia o personagem Justo Veríssimo: “O povo – que se exploda!”.
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Manoel Afonso é Colunista do Jornal do Povo