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VACINAS

Imunização deve começar logo após o nascimento

Segundo chefe de Imunização, desconhecimento dos pais ainda prejudica índices de cobertura vacinal em Campo Grande, mas é possível alcançar meta estipulada pelo Ministério da Saúde

Vacinação deve estar presente na vida das crianças desde o nascimento
Vacinação deve estar presente na vida das crianças desde o nascimento - Foto: arquivo/JPNews

O primeiro contato com as vacinas ocorre logo nas primeiras horas, no máximo nos primeiros dias de vida. Assim que nasce, o bebê já recebe dois imunizantes: o da BCG, que protege contra a tuberculose, e a vacina contra a Hepatite B.

Nesses casos, inclusive, a cobertura vacinal em Campo Grande supera as metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Segundo os registros, o índice de vacinação da BCG é de 91% e o da Hepatite B chega a 114%, ou seja, vacinando até mais crianças do que se esperava.

Antes de completar 1 ano de idade, o calendário vacinal ainda prevê a aplicação de outras 8 vacinas. A mais procurada, com cobertura de 107%, é a Meningo C, que previne contra a meningite, mas o recém-nascido também deve receber as doses dos outros imunizantes previstos no calendário.

BOM EXEMPLO

Conrado tem apenas um aninho. Ele ainda não tem consciência da importância daquelas picadas que recebe, mas a mamãe Luísa faz questão de manter a caderneta de vacinação dele em dia.

“Até um ano, eles praticamente tomam vacina todos os meses, e eu procuro sempre dar na data certa para não acumular, não atrasar e para não deixá-lo desprotegido. Até pelo fato de eu ser enfermeira, entendo os riscos de não oferecer a vacina e os benefícios de manter a vacinação em dia. Acredito que, ainda mais para as crianças, que têm o sistema imunológico imaturo, é importante reforçar com as vacinas. E são gratuitas no SUS, então por que não vacinar?”.

Luísa aprendeu isso em casa. Quando era pequena, sempre tomava todas as vacinas recomendadas. O tempo passou, ela cresceu e, agora, além do cuidado materno, ela também conhece o outro lado, afinal, se tornou enfermeira.

“Meus pais me vacinavam desde pequena. Eu lembro que minha mãe mandava meu pai levar, porque eu fazia muito escândalo e ela não gostava de me ver chorar. Então, ela mandava meu pai nos levar. Mas as vacinas sempre estavam em dia. E com o meu filho, claro que segui isso. E, por eu ter todo o conhecimento da área de enfermagem e saúde, foi um acréscimo”.

ADESÃO

Mas não são todos os pais que pensam como Luísa. Os números do Ministério da Saúde indicam que, conforme o bebê cresce, o índice de vacinação diminui. Com exceção da Meningo C, nenhuma outra vacina atinge a meta de 95% de cobertura vacinal. Para a chefe de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Ananda Luz, o principal desafio atualmente é acabar com os mitos sobre as vacinas.

“Eu acredito que hoje ainda recebemos muita informação que chega à população e que não é de qualidade. Ainda existem mitos e desconhecimento sobre o que é a vacina e o ato de imunizar. Então, quanto mais a população buscar se informar por fontes seguras, com profissionais de saúde, mais adeptos à vacinação teremos, mais cobertura vacinal alcançaremos no município e mais pessoas estarão protegidas”.

O cenário, no entanto, não é preocupante em relação à procura pelos imunizantes. Segundo Ananda, é possível alcançar as metas. “Temos conseguido ampliar nossas coberturas vacinais. Estamos ainda em busca dos 95% de cobertura, que é o preconizado pelo Ministério da Saúde, mas, hoje, para as vacinas de menores de um ano e um ano, não temos nenhuma cobertura abaixo dos 80%. Temos visto uma ampliação com todas as ações que realizamos e com a adesão da população, e estamos cada vez mais ampliando essa cobertura. Queremos chegar aos 95%”.

A chefe de Imunização também defende que os pais fiquem atentos aos imunizantes oferecidos fora do calendário vacinal, como a vacina contra o HPV, que previne o câncer de colo de útero e é aplicada a partir dos 9 anos em meninas e meninos.

REDE PRIVADA

A fala de Ananda Luz é reforçada pelo Representante Regional da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBI), Alberto Costa. Segundo ele, a tendência é que o calendário continue crescendo para ampliar a proteção das crianças.

“Existe um caminho natural, um planejamento do Ministério da Saúde, que avalia o custo das vacinas, a demanda e a necessidade, frente aos critérios de saúde populacional, para adquirir vacinas que antes não existiam no SUS e que agora podem ser incorporadas. Tanto é que, hoje, temos várias vacinas que antes não faziam parte do Plano Nacional de Imunização (PNI) e que agora estão disponíveis, como a Meningo C”.

Costa, que também é diretor de uma clínica de imunização, relata que a procura pelos imunizantes na rede privada é alta. “Felizmente, a maioria dos médicos pediatras informa os pais sobre a existência dessas vacinas, e essa comunicação com a família é muito importante, já que nem todos sabem da existência dessas vacinas complementares. Assim, com essa comunicação, há uma procura crescente para aumentar a imunidade e a proteção das crianças”.

Já no caso dos adultos, nem sempre a preocupação é a mesma. A vacina da gripe, que previne os casos mais graves e as consequentes internações, tem sobrado nos estoques. Apenas 53% do público-alvo foi vacinado na Capital, e a chefe de imunização, Ananda Luz, faz um alerta:

“É importante lembrar que, em todas as idades, temos imunobiológicos e vacinas disponíveis no calendário”.