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Mudanças climáticas aumentam casos de ecoansiedade

Novo termo define o medo crônico de desastres ambientais impactar a vida e as decisões de quem vive a incerteza do futuro

Com o aumento das notícias sobre o impacto das mudanças climáticas, muitos sentem ansiedade e impotência
Com o aumento das notícias sobre o impacto das mudanças climáticas, muitos sentem ansiedade e impotência | Foto: Arquivo/ CBN-CG

Em tempos em que as mudanças climáticas são cada vez mais intensas, um novo termo surgiu em meio às preocupações: a ecoansiedade. O termo surgiu em 2017, por meio da Associação Americana de Psicologia (APA), para explicar o medo crônico de sofrer um desastre ambiental ao observar as mudanças climáticas. Esse fenômeno descreve o aumento da ansiedade relacionado às questões ambientais, afetando pessoas que já sofriam de distúrbios emocionais e também aquelas que nunca haviam enfrentado esses problemas antes.

Com o aumento das notícias sobre o impacto das mudanças climáticas no cotidiano, muitos sentem ansiedade e impotência diante do futuro do planeta. A bióloga Luiza Sotto, apaixonada por questões ambientais, relata como a constante exposição a esses temas afeta sua saúde mental.

“Ver notícias diárias sobre esse assunto é extremamente difícil de lidar para mim. Primeiro, vem o sentimento de ansiedade e de impotência em relação a esse assunto, mas, ao mesmo tempo, acho importante continuarmos a noticiar e discutir”.

Os desastres climáticos estão cada vez mais frequentes. No segundo trimestre de 2024, o Rio Grande do Sul teve 95% de suas cidades afetadas pelas chuvas intensas que atingiram o estado. Já no Centro-Oeste, quase 2,5 milhões de hectares do bioma Cerrado foram atingidos pelas queimadas até setembro deste ano. No Norte do país, a Amazônia enfrenta a pior seca já registrada, com os níveis de água dos rios da bacia amazônica atingindo mínimas históricas.

O psiquiatra José Carlos Rosa Pires destaca que a absorção de informações sobre o questões ambientais pode desencadear doenças mentais em pessoas predispostas a problemas emocionais. “Pessoas que são muito estressadas, preocupadas, inquietas, a questão de preocupação excessiva com o trabalho […] tudo isso pode levar ao diagnóstico de ansiedade climática”.

Além das questões que envolvem a saúde mental, a preocupação com as mudanças climáticas já afeta as decisões futuras. Luiza revela que já questionou a ideia de ter filhos devido aos desastres ambientais que estão se tornando comuns.

“Para mim, não faz sentido conceber a ideia de criar alguém para esse mundo que não possui uma perspectiva de futuro, de um futuro bom ou saudável.”

De acordo com José Carlos, a ecoansiedade, além dos sintomas físicos e mentais, pode reativar ou agravar transtornos emocionais que já estavam controlados. Ele recomenda a busca por apoio psicológico assim que surgirem sintomas de ansiedade ou outros problemas emocionais.

“Se já estiver apresentando algum sintoma ou sinal de ansiedade, angústia, irritabilidade, dificuldade de memória, concentração, insônia, procurar ajuda médica o mais rápido possível. Se não tiver convênio de saúde, procurar pelo SUS a Rede de Atenção Psicossocial.”

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