As mensalidades das escolas particulares devem aumentar em até 10% no ano letivo de 2025, conforme levantamento realizado pelo Grupo Rabbit, consultoria especializada em instituições de ensino. No Centro-Oeste, o aumento será em torno de 9%. Em Mato Grosso do Sul, a estimativa é de até 10% ficando acima da inflação prevista pelo Banco Central, estimada em 4,3%.
O aumento das mensalidades, segundo o estudo, é justificado pela necessidade de as escolas recuperarem as perdas financeiras acumuladas durante a pandemia de COVID-19. A crise resultou em uma redução significativa no número de alunos, aumento da inadimplência e a necessidade de concessão de descontos, fatores que impactaram diretamente o caixa das instituições.
De acordo com Audie Salgueiro, presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Mato Grosso do Sul, o reajuste é necessário para corrigir o déficit causado pela pandemia. “As escolas privadas são autônomas para precificar suas mensalidades. O índice de reajuste está realmente acima da inflação, mas estamos corrigindo o impacto da pandemia. As escolas foram as primeiras a fechar e as últimas a voltar, o que causou um grande impacto financeiro”, ressalta.
Além disso, Salgueiro cita outros fatores que influenciam o aumento das mensalidades, como os constantes reajustes de insumos básicos. “Este ano tivemos altas significativas em itens essenciais, como energia elétrica, que aumentou mais de 10% em setembro, e a água, que também teve reajuste de cerca de 18%. Todos esses insumos ficaram mais caros, o que impacta diretamente o custo de manter a qualidade dos serviços oferecidos”, completa.
Por outro lado, para os pais, o impacto desses reajustes pode ser um motivo de preocupação. Tallitha Oliveira, mãe de dois alunos em escolas particulares, comenta a falta de comunicação por parte de uma das instituições. “Tenho dois filhos em escolas particulares, mas uma delas ainda não falou nada sobre o reajuste. Já na outra, onde minha filha estuda, eles já reformaram a estrutura e adicionaram novas atividades, o que me faz acreditar que o aumento está por vir. Se for muito alto, terei que reconsiderar manter meus dois filhos em escolas diferentes para tentar um desconto”, diz Tallitha.
Para Ângelo Motti, secretário executivo do Procon de Mato Grosso do Sul, é essencial que as escolas justifiquem de forma transparente os reajustes. “O reajuste das escolas normalmente acontece devido a uma série de despesas que a escola enfrenta de um ano para o outro. É importante que as escolas apresentem aos pais uma composição dos custos que justifiquem o reajuste. A transparência é fundamental, e é necessário que as escolas expliquem isso aos pais em reuniões, normalmente no final do ano”, explica Motti.
