A comercialização do gado de corte do Pantanal de Corumbá – o município tem o segundo maior rebanho bovino do país, com dois milhões de cabeças – mudou de patamar com a realização do maior leilão da região, o Novo Horizonte, garantindo preços de mercado ao produtor, sem o atravessador, e gerando centenas de empregos indiretos. Em seis anos, o leilão comercializou 300 mil animais, com movimento estimado em R$ 400 milhões.
“Antes do Novo Horizonte, o gado do Pantanal não tinha comercialização, era vendido na fazenda pelo preço subestimado pelo comprador”, afirmou Luciano Leite, presidente do Sindicato Rural de Corumbá. “Hoje temos um norte de comércio, o leilão recebe compradores de todo o Estado e o gado alcança preços praticados no mercado, agregando com isso maior rentabilidade ao produtor, que passou a investir mais na qualidade dos animais”, acrescentou.
Preços em alta
Luciano Leite informou que o Pantanal abastece atualmente 40% do mercado de gado gordo abatido em Mato Grosso do Sul e os preços garantidos pelo leilão tem propiciado ao pantaneiro a renovação do rebanho, com a introdução de animais de alto padrão genético. “O leilão deu um ordenamento ao mercado na região, libertando o nosso produtor do atravessador e movimentando toda uma cadeia, desde o transportador ao comércio”, destacou.
No último sábado, foi realizado o 72º arremate em seis anos. A comercialização de quatro mil animais movimentou cerca de R$ 4,5 milhões. Os lotes arrematados mantiveram os preços similares aos do planalto, com forte elevação. Os tourunos alcançaram média de R$ 2.521,00, com um lote sendo comercializado a R$ 2.710,00. Outras médias: vaca gorda, R$ 1.404,00; fêmea 12 meses, R$ 700,00; macho 12 meses, R$ 1.218,00; macho 36 meses, R$ 1.829,00.
Na cheia e na seca
O Leilão Novo Horizonte foi criado em 2013 pela Leiloboi, na fazenda do mesmo nome, situada na margem da MS-228 e a 3,5 km da Curva do Leque, entroncamento dessa estrada com a MS-184, no Pantanal da Nhecolândia. A estrutura de currais tem capacidade para receber seis mil animais por leilão e a fazenda conta com pista de pouso homologada. A recuperação da malha viária local pelo Governo do Estado garante acesso ao leilão e o escoamento do gado.
“Adquirimos um antigo leilão, que existia desde 1991, criamos uma nova estrutura e o pantaneiro acreditou na oportunidade de ter uma maior rentabilidade em seus negócios”, lembrou o leiloeiro Carlos Guaritá, proprietário da leiloeira. “Com cheia ou seca, não deixamos de realizar os leilões nesses seis anos e inovamos nesse período, com a transmissão ao vivo e a implantação de uma passarela coberta para visualização dos animais”, completou.
Sem o atravessador
Para o produtor rural Amerco Resende Oliveira, da Fazenda São Miguel, o leilão “foi a nossa salvação”. Ele disse que anteriormente o pantaneiro não tinha outra alternativa para comercializar seu gado e levava o comprador na fazenda, que impunha seu preço, bem abaixo do praticado no mercado. “A gente perdia pelo menos 30%, hoje o leilão regra o preço justo e ainda agrega renda, valorizando assim a nossa pecuária”, observa o pantaneiro.
O leilão, na avaliação do produtor Ricardo Penna Chaves, da Fazenda São José da Formosa, é um empreendimento que capitalizou a pecuária. “O leilão é uma iniciativa de vanguarda e atrai o pantaneiro do outro lado do Pantanal porque elevou os preços”, pontuou. “Sem o leilão, o comprador estava sempre em vantagem, depreciando o nosso rebanho. Nos livramos do atravessador e hoje competimos com o planalto na cotação de mercado”, frisou. (Com informações de Assessoria)