Nesse período pecuaristas devem ficar atentos, pois o inseto contribui para estresse nos animais. As picadas da mosca-dos-chifres (haematobia irritans) constantes provocam irritação no animal, afetando a saúde e o bem-estar além de causar muita dor. O estresse faz com que o bovino deixe de se alimentar, passando muito tempo tentando se livrar do inseto. As consequências na pecuária de corte são perda de peso e redução da produtividade na pecuária leiteira.
Os ectos (carrapatos) e endoparasitas (vermes), juntamente com a mosca-dos-chifres estão entre as principais agentes de parasitoses bovinas. A pesquisadora Márcia de Sena Oliveira, da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), dá algumas dicas para o produtor proteger seu rebanho neste período crítico.
O controle por meio de químicos é mais dificultoso. O uso inadequado e frequente desses produtos podem gerar resistência aos princípios ativos piorando ainda mais a situação. Para evitar o rápido desenvolvimento de resistência, o produtor precisa fazer o controle de forma racional. “A ideia é controlar a infestação e não erradicar a mosca-dos-chifres, mantendo um número razoável desses parasitas no rebanho”, destaca a pesquisadora.
De acordo com a pesquisadora, há algumas alternativas biológicas para reduzir problemas com a mosca-dos-chifres. O besouro conhecido rola-bosta é uma boa opção para diminuir a multiplicação do inseto. Ele ataca o bolo fecal, destruindo as larvas das moscas que aí se desenvolvem.
No tratamento é importante manter um nível aceitável de infestação, pois ajuda os animais aumentarem resistência, principalmente nos animais mais suscetíveis, como vacas com bezerros ao pé. Mas isso deve ser feito de acordo com a categoria.
Colocar armadilhas pelas pastagens para atrair as moscas que estão no rebanho, é um método bastante eficaz e sem prejuízos para o meio ambiente.
O sombreamento com árvores nas pastagens também pode contribuir para reduzir as infestações.
“Todas essas alternativas devem ser somadas à preocupação constante em manter o rebanho bem nutrido. O gado em boas condições nutricionais não sofre tanto com o parasitismo”, afirma Márcia.
Sistemas integrados x mosca-dos-chifres
Um estudo realizado na Embrapa Pecuária Sudeste entre 2013 e fim de 2015 indicou que a infestação por mosca-dos-chifres em sistemas silvipastoris, em que o plantio de árvores é associado à criação de gado e ao cultivo de forrageiras, é 38% menor, quando comparada às criações em pastagens convencionais.
A pesquisadora Márcia Oliveira diz que as alterações de microclima e a microfauna associada ao bolo fecal dos bovinos criados nesses sistemas afetam a dinâmica da população das moscas.
Na análise dos dados de contagens de mosca-dos-chifres foram encontradas diferenças significativas comparando-se os dois modelos de produção: sistema silvipastoril e convencional (apenas gado e pastagem). As menores médias de contagens foram observadas na integração da pecuária com as árvores nativas.
Para a pesquisadora, tal fato pode ocorrer devido a maior quantidade e diversidade da microfauna associada aos bolos fecais dos animais criados no sistema com árvores e que atuam como predadores das fases de vida livre desse parasita, contribuindo para o equilíbrio populacional de ectoparasitas, como a mosca-dos-chifres.