Veículos de Comunicação

Esquecida

Ponte chega aos 21 anos insegura, suja e escura

Ligação rodoferroviária entre SP e MS sofre com falta de manutenção e reparos

Obra que custou R$ 800 milhões tem, hoje, tráfego perigoso; governo prevê consertos em junho - Nestor Junior/JP
Obra que custou R$ 800 milhões tem, hoje, tráfego perigoso; governo prevê consertos em junho - Nestor Junior/JP

Mais de duas décadas depois de “ligar” fisicamente Centro-Oeste e Sudeste, por meio de uma obra de engenharia até hoje moderna e pouco comparada no mundo, a ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná pode ser considerada esquecida. Sem manutenção, ela oferece riscos ao tráfego entre Rubinéia (SP) e Aparecida do Taboado (MS) não apenas pela falta de iluminação, mas também por manutenção insuficiente em sua estrutura.

A ponte, construída em 1998 com recursos da União e custo próximo de R$ 800 milhões, foi “dividida” para a exploração comercial. A parte ferroviária ficou com a iniciativa privada, por concessão, e a rodoviária com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), órgão do governo federal com a função de manter rodovias, ferrovias e hidrovias.
Em 2014, mesmo após manifestação do governo de Mato Grosso do Sul, o Dnit  assinou um convênio de delegação com a iniciativa privada para a manutenção da ponte. A justificativa foi considerada falha pelo Ministério Público Federal porque o próprio órgão relatou ter investido R$ 3,5 milhões, entre 2009 e 2014, na conservação, segurança e equipamentos elétricos da ponte.

Neste mesmo ano, uma liminar suspendeu a licitação que escolheria a empresa responsável por explorar o pedágio na ponte. Não constava no convênio, por exemplo, justificativa para uma tarifa de R$ 2,50. Desde então, o governo de Mato Grosso do Sul assumiu a manutenção junto com a exploração de trecho da rodovia BR-158, que faz a ligação com São Paulo. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) assumiu a negociação.

Na época, o governo sul-mato-grossense anunciou que abriria licitação para concessão da ponte por 20 anos e que isso resultaria na cobrança de pedágio. Contudo, manifestações contrárias e a troca de governo, tiraram a ponte da pauta.

O QUE FALTA

Hoje, há necessidade de recuperação do pavimento, sinalização, limpeza, segurança e iluminação. Toda a rede de cabos de eletricidade que abasteciam a ponte foi furtada e há postes sem lâmpadas, com hastes soltas, em risco direto a motoristas. Há também buracos no asfalto, a sinalização é precária em placas e na pintura de faixas. Em toda a extensão da ponte há lixo, vegetação crescendo e invadindo a pista. Peças de veículos e outros objetos caídos na pista são comuns.