O aborto no Brasil é proibido exceto em casos do bebê estar sem cérebro (anencéfalo), causar riscos de morte para a mãe e se for decorrente de estupro ou agressão sexual. Sob o argumento que 500 mil mulheres procuram o aborto clandestino anualmente e que muitas morrem durante os procedimentos, há uma discussão no Supremo Tribunal Federal para descriminalizar o aborto.
O ex-ministro da saúde José Gomes Temporão defende a descriminalização, pois considera uma questão de saúde pública que beneficiará principalmente a população de baixa renda, tendo em vista que esta poderá procurar os hospitais públicos para fazer o aborto.
Será que o ex-ministro está falando de fazer aborto nos mesmos hospitais que deixam doentes nos corredores e que tem faltado desde medicamentos a esparadrapos? Sinceramente esta não é a solução! Mesmo porque não se deveria discutir formas de fazer o aborto, a discussão deveria ser como investir em educação, conscientização e prevenção.
Pense no dinheiro que comprovadamente foi desviado dos cofres públicos, imagine se este fosse investido em educação, planejamento familiar, conscientização e prevenção de gravidez indesejada, estes números seriam bem menores, com certeza. Ao investir em educação conhecimento é gerado e as pessoas passam discernir melhor o certo do errado, refreiam impulsos e escolhem a direção do próprio destino. Afinal, é isto que nos diferencia dos animais irracionais, correto?
Há de salientar também que um país que investe em educação nos permite nivelar a população por cima, pelo futuro que esta pode conquistar, pelas melhorias que virão e, não por baixo como sugere a lei que discute a descriminalização do aborto que, se aprovada, expandirá a consciência de que esta prática é algo normal.
As mulheres que procuram o aborto clandestino não se enquadram no perfil daquelas violentadas, de gravidez de alto risco ou com bebês anencéfalo, senão procurariam as vias legais para o procedimento, pois nestes casos o aborto é legal. Este grupo de mulheres são vítimas da falta de informação, planejamento familiar, prevenção e da educação. Portanto, não precisamos de uma lei que descriminaliza o aborto, o que é preciso é aplicar o dinheiro dos nossos impostos na educação da população do nosso pais, para tornar discussões como esta do aborto cada vez mais desnecessária.
*É professor e consultor de empresas.