Quiséramos nós não precisar escrever um desabafo, manifesto, como este. E o que mais entristece é que essa não é a primeira e, provavelmente, não será a última vez que textos como esse serão escritos. E nossa pergunta é: até quando? Até quando viveremos num ambiente onde a insegurança predomina no seio da população?
Em Três Lagoas, a falta de segurança e a criminalidade estão em todos os cantos, ao redor das empresas, residências, escolas, bairros e, principalmente, nas proximidades das universidades.
Precisamos nos atentar a essa realidade, onde diversas coisas têm acontecido, desde assaltos e tentativas, a perseguições, ameaças e assédios. Muitos alunos vêm de outras cidades para estudar em Três Lagoas e, mesmo os que já residiam aqui, sentem a insegurança existente. Os alunos buscam realizar seus sonhos, muitas vezes deixando para trás os seus lares, vez que há, aqui, uma universidade muito boa, pública e de qualidade, reconhecida nacionalmente e que enche os olhos de quem quer nela ingressar.
No momento em que iniciam suas atividades, deveriam se preocupar apenas com a dedicação às aulas e sua formação acadêmica, mas acabam se preocupando, também, com situações externas como, por exemplo, se chegarão à universidade com suas integridades preservadas, ou se terão sido vítimas de algum tipo de abordagem durante o trajeto. E, para realizar seus sonhos, eles enfrentam essa triste realidade, inclusive em razão do limitado transporte público da cidade, e optam por residirem nas imediações da universidade, para terem mais fácil acesso a ela.
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Como cidadãos, não podemos ficar calados e assistir passivamente a essa situação. Não devemos esperar que aconteça um estupro, uma morte, para que alguma atitude seja tomada.
Hoje, estima-se que ultrapassa ao número de 100 (cem) os alunos da UFMS em Três Lagoas que já passaram por alguma situação de abordagem, o que representa uma parcela altamente significativa da comunidade acadêmica, um número extremamente alarmante. Esse número foi obtido mediante abaixo-assinado colhido, para servir de suporte a ofício a ser encaminhado às nossas autoridades, políticas e policiais, no sentido de pleitear a especial atenção a essa realidade demasiadamente preocupante.
Essa realidade precisa mudar, e tem que ser agora. Ela só irá se modificar no momento em que os órgãos públicos olharem de modo diferente para essa situação, e se lembrarem de que os acadêmicos, professores, servidores e demais colaboradores da universidade merecem atenção, pois contribuem economicamente para o crescimento do Município e, mesmo que assim não o fosse, a segurança e preservação da integridade é direito de todos.
Os legisladores devem olhar com atenção essa realidade, atuando de forma enérgica e participativa, com o fito de preservar a integridade da sociedade como um todo, o que, por via reflexa, alcançará nossos alunos, e eles poderão voltar a se preocupar apenas com aquilo que deveriam, que é estudar e trabalhar para mudar o Brasil.
Que as autoridades possam enxergar e adotar as medidas para proteger o acesso à educação, garantido constitucionalmente.
*É Acadêmica do curso de Administração da UFMS
**É Professor do curso de Direito da UFMS
