Não há outra maneira de se expressar quando se fala em 2020 – viramos mais uma página. Ano difícil repleto de desafios sob vários aspectos. Economia, combate ao desemprego, melhoria da saúde, habitação, segurança pública e mais uma infinidade de questões socioeconômicas que herdamos do ano de 2019 e aguardam a cada ano que chega a resolução dos entraves que comprometem o livre acesso a essas conquistas.
Sempre esperançosos acreditamos que cada ano será melhor que o outro. Assim ingressamos ano após ano vida afora. O fato mais relevante do ano que passou é que não esperávamos sermos surpreendidos por uma pandemia devastadora que no Brasil alcança a casa das 200 mil mortes.
Ações mal conduzidas para mitigar entre nós seus efeitos tornan-se um festival de desencontros por parte das autoridades que deveriam liderar este processo no âmbito federal. Combatido o afastamento social, minimizado irresponsavelmente os efeitos do vírus Covid – 19, rebaixado os níveis de cuidados alegando tratar-se de uma gripezinha e que a atividade econômica não podia sofrer prejuízos, criou-se um cenário de dúvidas quanto à conduta a ser adotada pela grande maioria de brasileiros, os quais se tornaram incrédulos quanto aos efeitos e consequências do vírus. Diante da dúvida ou da aceitação da mentira por conveniência e interesse próprio, as cautelas para proteção do ataque viral foram deixadas de lado e a infestação chegou a níveis que nos colocam entre os três países com maior infestação e mortes no planeta Terra. Quem não perdeu familiares, amigos ou colaboradores dedicados e competentes nesta pandemia?
A perda de vidas é dolorosa e torna-se quase que revoltante se não fossemos cristãos e capazes de aceitar os desígnios de Deus. Consolados pela fé, nos auto confortamos e recolhemos forças para tocar a vida esperançosos de que tudo vai mudar. Esse é o desejo de cada um. Entretanto, a despeito da pandemia, outras questões nos atormentam.
A volta às aulas para nossos filhos, a recomposição da atividade produtiva, a normalidade que todo país busca para o trabalho, o restabelecimento das relações interpessoais, entre tantas outras atividades que esperamos ser normalizadas em breve, estão entre os nossos maiores desejos.
Cada um de nós ressente de uma reunião familiar ou entre amigos, de uma festa, de uma viagem entre as mais variadas circunstâncias do nosso dia-a-dia para se viver bem e com um largo sorriso, sem medo. Mas, se queremos viver sem medo e sobressaltos, também é certo que não podemos ser atropelados pela verborragia presidencial, que inopinadamente aborda sem fundamento assuntos de economia, ora lançando a esmo assertiva de estamos quebrados, para em seguida dizer que vivemos uma maravilha, ou, então, redizer que a eleição americana vitimou o despreparado e truculento presidente americano e sem provas, afirmar que milhares de eleitores nos EUA votaram até três vezes pelos Correios ou que votaram até mortos.
Valendo-se do lamentável ataque ao Capitólio lança ameaça dizendo que por aqui esse acontecimento pode se repetir em 2022. Enfim, joga para o quanto pior, melhor para si. E nesse viés, tenta enfraquecer a democracia, as liberdades públicas, desconstituir as instituições, os Poderes da República para obter mais um mandato e fazer o que bem entender como se fosse inalcançável pelos limites que as lei do país impõem.
Relega e deixa de observar condutas inerentes ao cargo que ocupa, as quais devem se praticadas por alguém que se encontra mesmo que temporariamente investido na representação do Poder Executivo do país. Lamentável que todos os dias tenhamos que ouvir tantos ataques infundados, inclusive, contra a imprensa, que hoje se torna mais do que nunca a guardiã da liberdade contra os arautos do quanto pior melhor.