Na noite de 5 de agosto, estima-se que mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo se encantaram com a abertura da Olimpíada do Rio. Até por aqui, num raro rasgo de autoestima nacional elevada, os elogios foram quase unânimes. Além das muito citadas lições possíveis de se retirar dos jogos – a importância da preparação, da superação de limites, da convivência dos diferentes –, pouco se fala do aprendizado que se pode extrair do sucesso da festa no Maracanã.
Primeiro ponto a destacar: planejamento, base mais segura para o êxito de qualquer iniciativa. A cerimônia começou a ser pensada três anos antes, chegando-se à conclusão de que deveria ser simples, destacando aspectos importantes de nossa história.
Segundo ponto: tudo isso, privilegiando a criatividade e o apuro, tanto da parte artística quanto do show de tecnologia.
Independentemente das medalhas conquistadas, das poucas falhas de organização e da discussão sobre a efetividade do seu legado, a Olimpíada 2016 certamente contribuirá para melhorar a imagem do país no exterior, que não desperta grande orgulho entre os brasileiros. Recente pesquisa da agência de publicidade Young & Rubicom, feita com 16 mil pessoas de 32 países, deu o Brasil o 20º lugar entre 60 nações. Emplacamos apenas um primeiro posto, no quesito personalidade, garantido pela imagem de um povo amigável e sexy, cercado de belas paisagens. Já as piores avaliações sinalizam o que pode – e deve – ser melhorado.
Em qualidade de vida, ficamos em 43º lugar, por causa da educação precária e do número de homicídios. Na parte econômica, ficamos com o 37º lugar em ambiente de negócios (pouca transparência e muita burocracia) e o 29º em competitividade (Justiça morosa e trabalhadores pouco qualificados).
* É presidente do Conselho de Administração do CIEE.