Em 31 de agosto, o “impeachment” nos reservou um profundo golpe na Constituição, livrando a impedida da inabilitação. Foi arquitetado pelos aliados petistas e executado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, aquele que deveria ser o protetor da Constituição, o ministro Ricardo Lewandowski. Alguma surpresa? Claro que não, mas depois do Mensalão, esperava-se que ele tivesse aprendido a lição, ainda mais quando o ministro Joaquim Barbosa acusou Lewandowski de fazer chicana no STF…
Lewandowski estava ali para presidir e seguir os ritos estipulados nove meses antes. Ninguém sequer prestou atenção na proposta da senadora Katia Abreu, pois a Constituição é clara, no artigo 51 no parágrafo único: funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública.
Claro e transparente, mas Lewandowski é Lewandowski, sem submeter ao plenário, com apoio do presidente do Senado somente, resolveu fatiar o parágrafo único do artigo 51 e de sua vontade e de sua cabeça, propor duas votações. Que Dilma volte, mas que o STF restaure a Constituição.
Então, pouco depois, veio Dilma fazer sua declaração ao público, agradecida? Conciliadora? Buscando entendimento? Não! Chamou os que votaram pelo impedimento, incluindo aqueles 19, de “políticos que buscam desesperadamente fugir dos braços da Justiça que tomarão o poder, unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições, por um golpe. É uma fraude!”
* É técnico aeroespacial.