A maioria das cidades de Mato Grosso do Sul, mais uma vez, não terá Carnaval de rua neste ano pelas mesmas razões de anos anteriores: falta de dinheiro público para a organização de desfiles e a desorganização de escolas de samba. Legislação federal, de 1986, impede a liberação de recursos públicos a grupos de sambistas que se reúnem uma vez por ano em escolas de samba que, na verdade, não têm figura jurídica e não revertem nada à sociedade. A lei diz exatamente o contrário.
Fora isso, a falta de prestação de contas de como e onde o dinheiro público é usado sempre foi motivo de dúvidas.
Um levantamento feito pela imprensa estadual, no início deste mês, aponta que apenas um terço das 79 cidades sul-mato-grossenses terá desfiles e promoções nos moldes antigos,com escolas pelas ruas e blocos de foliões. Uma delas e, possivelmente, a mais organizada, é Corumbá. Autoridades da cultura corumbaense se vangloriam de mandar às ruas 11 escolas de samba e duas dezenas de blocos.
A promoção do Carnaval nestes moldes promove o comércio, a rede hoteleira, atrai investimentos e divulga a cidade, entre outros fatores. É fato, sem dúvida, que as escolas e blocos beneficiados com verbas públicas, prestam contas de como usam o dinheiro. É o mínimo se a lei exige: transparência.
O que havia no passado, e que deve ser tomado com mais um exemplo da irresponsabilidade com o dinheiro público, é a liberação de recursos a grupos que se formavam uma vez por ano, torravam as verbas e, como diz um velho samba de Carnaval, “tudo se acabava na quarta-feira”.
Em Três Lagoas, por exemplo, não haverá desfiles de escolas exatamente porque elas não têm figura jurídica e não prestam nenhum serviço social – condições contidas na lei. Para os próximos anos, como acredita a Diretoria de Cultura, estes obstáculos deverão ser sanados. Então, quem sabe, será possível realizar desfiles de ruas como importante ferramenta para a boa exploração do potencial cultural da cidade em Mato Grosso do Sul e em estados vizinhos.
Editorial