A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revela que, em dezembro, 65% das famílias em Campo Grande possuem dívidas, sendo que 46,6% delas estão com pagamentos atrasados, o que representa quase um terço das famílias entrevistadas. O principal motivo para o endividamento é o uso do cartão de crédito.
“Para quitar a dívida, comecei a cortar gastos não essenciais, como idas a restaurantes, e passei a optar por marcas mais baratas no mercado. Também negociei com o credor para parcelar o mínimo possível e, se Deus quiser, conseguir quitá-la”, relatou Marta Arruda, professora que enfrenta dificuldades financeiras.
O estudo destaca que, em média, 25,8% da renda familiar na capital sul-mato-grossense está comprometida com dívidas, chegando a consumir até 50% do orçamento mensal de muitas famílias. Marta também compartilhou a percepção de que o custo de vida está aumentando: “Hoje, está difícil para o brasileiro comer carne todos os dias. Os preços sobem rapidamente, e temos que procurar alternativas.”
Além do cartão de crédito, carnês de loja e créditos pessoais também contribuem para o endividamento. Apesar disso, a economista Regiane Dedé aponta que o endividamento nem sempre é negativo. “O endividamento em si não é ruim; ele indica que as pessoas estão comprando mais a prazo. A preocupação maior está no aumento das contas em atraso, mas tivemos uma leve redução nesse índice, de 30,5% para 30,3%.“
Regiane alerta sobre a necessidade de organização financeira, especialmente no início do ano, período de pagamento de impostos e despesas escolares. “É um sinal de alerta para os consumidores. É fundamental que as famílias façam um controle rigoroso do orçamento para evitar que o endividamento evolua para inadimplência.”