A aldeia indígena Jaguapiru situada na região de Dourados no sul do estado, é uma das maiores reservas indígenas com densidade demográfica do Brasil. Nesta segunda-feira (20), a comunidade que possui aproximadamente 10 mil habitantes, realiza a eleição para cacique. O novo líder que terá gestão de quatro anos, vai encarar o desafio de intermediar ações para resolver a falta de segurança, a violência doméstica, sexual e familiar, a deficiência no saneamento básico e problemas dos indígenas com bebidas alcóolicas e drogas.
Para a professora do ensino fundamental na comunidade indígena, Cristiane Machado (43), é impossível viver a identidade cultural no espaço. “Somos desassistidos de políticas, não só da questão de segurança, mas também a saúde que está precária. Temos jovens adolescentes que não estão inseridos em projetos para socioeducativos. É um confinamento historicamente criado para abrigar uma etnia, mas depois novas comunidades foram chegando. A aldeia que está se autodestruindo. Acreditamos que aqui possa haver uma rede de prostituição”, explicou.
Conforme a Fundação Nacional do Índio em Dourados (Funai), não há interferência na cultura e tradição indígena. Sobre a eleição, a fundação afirmou que o processo ocorre através da comunidade. Com relação à jovem desaparecida, o órgão destacou que a Polícia Civil do estado está investigando o caso, mas que ainda não informações sobre o paradeiro da vítima, e que existe um diálogo junto à prefeitura de Dourados com o objetivo e acolher as demandas e reivindicações das comunidades.
Dados levantados pela própria Funai nacional, mostram que o Brasil possui atualmente 325 mil indígenas, menos de 2% da população. O extermínio dos povos se dá por diversos motivos, a escravidão, epidemias, deslocamentos, confinamentos e, mais recentemente, conflitos com fazendeiros e garimpeiros.
Jovem desaparecida desde outubro
No dia 26 de outubro de 2021, Jayne Martins Ramires (23), moradora da aldeia Jaguapiru desapareceu. Segundo a polícia civil que investiga o caso, a jovem pode ter sido morta a facadas. Conforme a investigação, os policiais estiveram em uma casa, a qual teria sido o último local que em que a garota foi vista. Duas mulheres e um homem foram ouvidos e liberados. Sandra Rossati, que trabalha como servente na escola indígena, diz que a polícia não vai até à aldeia quando nos casos de violência doméstica.
Segundo Sandra Rossati, que atua como servente na escola indígena, diz que a polícia não vai até à aldeia quando nos casos de violência. “No caso de Jayne, algumas lideranças foram atrás, mas nada foi encontrado. Só depois que a imprensa veio, que a policial começou a procurar. Quanto mais a gente precisa, quando está acontecendo a violência, ninguém nos ouve. Só aparecem depois que a vítima morre”, desabafou.
Nossa equipe de reportagem entrou em contato com a prefeitura municipal de Dourados, sobre as ações que o município vem cumprindo para fortalecer a segurança dos indígenas nas aldeias, mas até o fechamento da reportagem não recebemos esclarecimentos. A concessionária responsável pelo serviço de abastecimento de água nas reservas indígenas também não se manifestou.
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