A BR-163, uma das principais rodovias que corta o estado do Mato Grosso do Sul, tem apenas 17% de seus trechos duplicados, e mesmo nesses segmentos, o número de acidentes não diminuiu.
Entre 2018, o primeiro ano após a duplicação, e 2023, houve um aumento de quase 6% no número de acidentes nos trechos duplicados da rodovia. Em 2018, foram registrados 203 acidentes, enquanto em 2023 esse número subiu para 215.
A concessão da BR-163, administrada pela CCR MSVia desde abril de 2014, é alvo de críticas de diversos grupos. A rodovia, que se estende por 845 km e passa por 21 municípios do estado, recebe uma média de 48 mil veículos diariamente.
Nos últimos nove anos, o número de acidentes teve um leve aumento. De janeiro a junho de 2015, quando a concessionária já operava a rodovia, houve 848 acidentes. No mesmo período deste ano, foram registrados 858 acidentes.
Segundo Arrison Szesz, gerente de operações da CCR MSVia, o aumento de acidentes está principalmente relacionado ao excesso de velocidade, consumo de álcool e desrespeito à sinalização.
"A concessionária realiza manutenção constante da rodovia, incluindo revitalização anual da sinalização. No entanto, muitos condutores desrespeitam as normas de trânsito, o que resulta em acidentes", explica Szesz. Ele também aponta problemas na manutenção dos veículos, especialmente comerciais e pesados, como outra causa significativa de acidentes.
Cláudio Cavol, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte e Logística de MS (Setlog-MS), atribui o aumento de acidentes nos trechos duplicados ao crescimento do tráfego na rodovia.
"A BR-163 é a principal artéria de desenvolvimento do estado, transportando 60% a 75% das riquezas produzidas. O aumento do número de veículos, devido ao crescimento das regiões ao redor da rodovia, torna a estrada cada vez mais perigosa", afirma Cavol.
Cavol também critica a situação do anel rodoviário de Campo Grande, descrevendo-o como uma tragédia anunciada. "Misturar caminhões pesados com carros pequenos e motos em uma via movimentada é um desastre iminente. A solução seria afastar o Rodoanel da cidade, transformando-o em uma avenida urbana importante para Campo Grande", sugere.
Em comparação com 2013, um ano antes da CCR MSVia assumir a concessão da rodovia, houve uma redução significativa no número total de acidentes, passando de 1.767 para 755 em 2023, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal.