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CASO SOPHIA

Acusada de matar a própria filha, Stephanie diz que testemunha mente e que se sente injustiçada

Júri popular inicia análise de responsabilidades em crime que chocou Campo Grande

Stephanie de Jesus depondo no seu julgamento
Stephanie de Jesus depondo no seu julgamento | Foto: Duda Schindler/ CBN-CG

O plenário da 2ª Vara do Tribunal do Júri ficou lotado nesta quarta-feira (4), com olhares atentos ao início do julgamento de Stephanie de Jesus e Christian Campoçano, réus no caso da menina Sophia. A tragédia envolve o homicídio qualificado e o estupro da menina Sophia Jesus Ocampos, de apenas dois anos.

Stephanie, mãe da criança, é acusada de omissão e homicídio doloso. Ela foi ouvida neo primeiro dia do júri. Ela afirmou que não agrida a filha, contrapondo o depoimento de um das testemunhas e mais uma vez, desde o início das investigações, afirmou estar sendo injustiçada.

Christian, o padrasto, responde pelos crime de homicídio por motivo fútil, meio cruel, contra menor de 14 anos, além do crime de estupro de vulnerável. A previsão é que ele também fosse ouvido no primeiro dia, o que não ocorreu porque o julgamento começou com atraso.

Ontem, o júri ouviu depoimentos de testemunhas e as apresentações iniciais da defesa e da acusação. A tensão no ambiente era palpável.

Enquanto Christian, com postura ereta e camisa branca, parecia tentar sustentar uma aparência firme, Stephanie mostrava claros sinais de desgaste emocional, mantendo o olhar baixo e exibindo olheiras profundas.

Depoimento de Stephanie: “Me sinto injustiçada”

O ponto alto do primeiro dia foi o depoimento de Stephanie, marcado por lágrimas e um relato sobre os abusos que dizia sofrer. Abalada, ela descreveu episódios de violência física e psicológica no relacionamento com Christian, afirmando viver sob constantes ameaças.

“Me sinto injustiçada por não ter feito nada com minha filha, por amá-la. Sofri agressões físicas, psicológicas, fui manipulada… Ele dizia que eu ficaria sem as duas (sem a Sophia e sem a irmã), e no fim fiquei mesmo. Ele acabou com a minha vida”, desabafou.

Questionada pelo juiz Aluízio Pereira, que preside o julgamento, sobre o depoimento de uma testemunha que afirmou que Stephanie batia na filha, a acusada afirmou que não tinha coragem de bater na Sophia.

“É uma mentirosa. Quem fez isso no dia foi o Christian. […] Eu não tinha coragem de espancar a minha filha, de fazer uma crueldade dessas com ela”, afirmou Stephanie.

A defesa de Stephanie sustentou que ela foi vítima de manipulação e violência, buscando minimizar sua responsabilidade no caso. O advogado da ré, Alex Viana, destacou que o depoimento foi crucial para esclarecer pontos controversos.

“Muitas narrativas falsas foram criadas nesse caso, e hoje conseguimos trazer elucidações importantes com o depoimento da Stephanie.”

Por outro lado, a defesa de Christian Campoçano pediu cautela na análise das provas, afirmando que os fatos ainda estão sendo minuciados e que o julgamento deve ser justo para todos.

O impacto do crime na sociedade

A tragédia de Sophia mobilizou a criação do Fórum Permanente pela Vida de Mulheres e Crianças, que critica falhas na rede de proteção. Segundo Maria Cristina, idealizadora do fórum, a morte de Sophia expôs a negligência de órgãos como o Conselho Tutelar e o Ministério Público.

“A Sofia passou 31 vezes por uma UPA. Isso é inaceitável. A rede de proteção foi omissa, mesmo com protocolos claros estabelecidos pela Lei Henry Borel. Precisamos de mudanças imediatas.”

Expectativa para o veredito

Para hoje, estão previstos o depoimento de Christian, as alegações finais e a votação do conselho de sentença (jurados), que são compostos por quatro homens e três mulheres, mediante sorteio.

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