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PREOCUPAÇÃO

Agressões em unidades de saúde expõem falhas e geram insegurança para profissionais

Mato Grosso do Sul ocupa o 9º lugar no ranking de violência contra médicos no Brasil

Flávio Freitas nos estúdios da Rádio CBN Campo Grande
Flávio Freitas nos estúdios da Rádio CBN Campo Grande | Foto: LSSCom

Um levantamento recente do Conselho Federal de Medicina (CFM) trouxe à tona um dado alarmante: um médico é vítima de violência no Brasil a cada três horas durante o exercício de sua profissão. Mato Grosso do Sul aparece como o nono estado com mais registros desse tipo de crime, que incluem desacatos, ameaças, lesões corporais e até casos fatais.

Na semana passada, um médico foi assassinado em um posto de saúde em Douradina, sul do estado. Esse episódio trágico é apenas a ponta do iceberg de uma problemática que afeta não apenas os médicos, mas toda a equipe de saúde.

“Nos últimos anos, os índices de violência contra profissionais da saúde cresceram de forma assustadora. A cada dia, estamos mais preocupados com o futuro da nossa profissão e da assistência à população”, comentou Flávio Freitas Barbosa, segundo secretário do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS), em entrevista ao Jornal CBN Campo Grande nesta terça-feira (26).

Fatores estruturais e sociais

Flávio destacou que a maior parte das agressões acontece em hospitais públicos e unidades básicas de saúde, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS). Ele atribui o aumento das ocorrências a uma combinação de fatores, como a precariedade da estrutura, a demora nos atendimentos, a falta de profissionais e a insatisfação dos usuários.

“A medicina é feita com qualidade, e isso requer tempo, boa formação e condições adequadas de trabalho. Infelizmente, estamos lidando com um cenário de sucateamento do sistema e de imediatismo por parte da sociedade”, explicou.

A formação inadequada de médicos também contribui para o aumento da violência. E uma iniciativa do CFM propõe a implementação de uma prova de proficiência para médicos formados no Brasil. A medida, similar ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para profissionais de direito, visa garantir que apenas médicos devidamente qualificados possam exercer a profissão.

“O governo e o setor privado falharam em fiscalizar e fechar faculdades de qualidade duvidosa. A prova de proficiência medida dará mais segurança para médicos competentes, evitando que sejam nivelados por baixo. E, principalmente, garantirá que os cidadãos sejam atendidos por profissionais qualificados, capazes de salvar vidas e proporcionar saúde com qualidade”, afirmou.