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DESASTRE ANUNCIADO

Ao menos 12 famílias foram atingidas pelo rompimento da barragem

Ministério Público Estadual reuniu pessoas afetadas pelo desastre para entender a dimensão dos prejuízos causados

Gabrielle Lopes segurando um cartaz dizendo que a tragédia era anunciada, durante reunião no Ministério Público - Fernando de Carvalho/CBN-CG
Gabrielle Lopes segurando um cartaz dizendo que a tragédia era anunciada, durante reunião no Ministério Público - Fernando de Carvalho/CBN-CG

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) realizou nesta sexta-feira (23) uma reunião com as famílias atingidas pelo rompimento da barragem do lago do loteamento Nasa Park, em Jaraguari. O encontro serviu para acolher as vítimas e apresentar as primeiras medidas do inquérito civil instaurado para apurar as causas do desastre e mitigar seus impactos.

O promotor de Justiça Gustavo Henrique Bertocco de Souza destacou a importância de ouvir cada família individualmente para entender a dimensão dos prejuízos causados e garantir que seus direitos sejam respeitados. "Nesse momento inicial, o mais importante é acolher as vítimas, mostrar os direitos delas e saber a condição e a peculiaridade de cada uma", afirmou o promotor.

Durante a reunião, o MPMS informou que já iniciou as investigações e que está solicitando laudos técnicos para avaliar a segurança de outras barragens na região. Além disso, o órgão está cobrando do responsável pelo empreendimento o cumprimento das medidas mitigadoras previstas em acordo anterior.

Desespero – Moradora da região há mais de 34 anos, Gabrielle Lopes relatou a aflição do momento do estouro da barragem.“Eu recebi uma mensagem de um vizinho, que também perdeu tudo, avisando que a barragem havia rompido. Avisei meu filho, que é especial, para ele alertar minha mãe, que estava mais próxima ao córrego, para sair de lá. Foi tudo muito rápido. Meu irmão ainda tentou dar a volta na casa, mas já encontrou o estrondo da água chegando. Felizmente, ele conseguiu sair com minha família e se abrigar em uma área mais alta, mas perdemos tudo”.

Quatro dias após o desastre, Gabrielle relata que a ajuda ainda é insuficiente. “Ontem, o Ministério Público trouxe cestas básicas, e o CRAS da Vila Nasser nos deu dois cobertores. Mas ainda estamos lutando. A maioria das famílias está sem casa, e não se reconstrói tudo de um dia para o outro. O sentimento é de tristeza e revolta, porque se o poder público tivesse fiscalizado e cobrado antes, isso não teria acontecido. Queremos justiça, não só o reparo ambiental, mas também para as pessoas que perderam tudo”.

Gabrielle destacou que a tragédia era anunciada, mencionando que a primeira denúncia contra o empreendimento foi feita por seu pai em 1996. “Em 1996, foi a primeira denúncia, foi meu pai quem fez contra o Nasa Park, porque ele é represado num córrego. Não se represa córrego. Como que ele é autorizado? Essa represa, eu não entendo como ela pode ter uma autorização, né?", questionou.

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