Há apenas de 400km do coração do Pantanal, maior planície alagável do mundo e um dos biomas com maior biodiversidade do mundo, Campo Grande se destaca pela sua arborização. A cidade é tricampeã do programa Tree Cities Of The Word, programa das Nações Unidas que premia as cidades que mais se destacam no mundo pela arborização.
No entanto, no meio de ipês e figueiras centenárias, o abandono de espaços públicos vem se destacando na Cidade Morena, principalmente em praças e parques.
De acordo com o Arquiteto e Urbanista, Fayez José Rizk, praças e parques são fundamentais para a vida urbana. “Foi realizado um congresso de urbanismo em Atenas na década de 30, que marcou a história do urbanismo no mundo. E no congresso foi dito que as cidades precisam de áreas de lazer, as pessoas precisam ter lazer, chega uma hora que você precisa se divertir, e uma das funções das praças e parques é exatamento isso. E hoje você tem uma outra função que é a questão do meio ambiente. E a preservação de natureza de espaços reservados", destaca Rizik.
Um dos maiores problemas enfrentados por Campo Grande é a manutenção desses espaços. Muitas praças são apenas terrenos vazios com poucos equipamentos e são mal conservadas. "Você tem muitas praças na cidade, mas que simplesmente são um espaço lá. Bota um banquinho, uma pista e dizem que aquilo é praça", comenta o arquiteto, ressaltando a superficialidade com que esses espaços são tratados.
A fala de Fayez é corroborada por dados da Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb). Em 2021, a Agência realizou o diagnóstico das Praças Oficiais de Campo Grande. Foram identificadas 148 praças oficiais na Capital nesse levantamento. No entanto, apenas nove praças têm metade dos 23 equipamentos/estruturas identificadas pela prefeitura.
A dentista Celina de Abreu, que estava correndo em uma praça no bairro Monte Líbano, reclama justamente da falta de manutenção das praças. "Está perigoso correr nesses parques por causa dos buracos. Os brinquedos estão sem a manutenção devida, quadras faltando equipamentos. Não tem uma única praça sequer perto da minha casa, e aí eu tenho que me deslocar para essa aqui".
A falta de manutenção e equipamentos em praças implica até na mobilidade urbana da cidade, tendo em vista que os moradores são obrigados a se deslocar para áreas mais distantes para encontrar espaços de lazer adequados, aumentando o tráfego e sobrecarregando o sistema de transporte público já deficiente.
"Mobilidade urbana não é só o veículo, a mobilidade urbana começa na calçada. Se você não tem uma calçada adequada, você está impactando mobilidade urbana. Se você não tem uma praça adequada, você está impactando mobilidade urbana, porquê você obriga a pessoa a ir num lugar distante, e ela vai ou a pé, ou de carro, ou de ônibus, então é um deslocamento desnecessário que seria evitável se as praças não tivessem abandonadas pelo poder público”, afirmou Fayez. Além da falta de infraestrutura, a segurança é outro fator crítico que afeta a utilização dos espaços públicos. A ausência de vigilância e a prevalência de atos de vandalismo desencorajam os moradores a frequentarem essas áreas. "Chega lá uma quadra de basquete e de repente a tabela de basquete já está quebrada, e isso acontece porque o estado não se interessa em preservar o local", pontua Rizik.
A motorista, Laís Belisário, diz que prefere utilizar a praça do condomínio onde mora do que a praça pública do bairro, mesmo estando bem conservada. "Eu moro no Conjunto Residencial Recanto dos Rouxinois, temos uma praça próxima, acho super bacana, e até tem um campo de futebol, mas me sinto muito insegura, por isso utilizamos a praça do prédio", afirmou.
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