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Após reivindicação, clube de caça deve plantar Eucalipto para reduzir poluição sonora em APA

Moradores dos sítios Santa Maria na Capital reclamam de barulho excessivo e impactos ambientais que estandes de tiro podem causar na região

Ofício de reivindicação foi enviado ao Ministério Público Estadual (MPE), solicitando a desativação dos estandes de tiros localizados na região - Foto: Domínio Público
Ofício de reivindicação foi enviado ao Ministério Público Estadual (MPE), solicitando a desativação dos estandes de tiros localizados na região - Foto: Domínio Público

Inaugurado em janeiro de 2022, o Clube de Caça ‘Golden Boar’ tem tirado o sossego de moradores dos Sítios Santa Maria em Campo Grande, devido ao barulho dos tiros e possível risco de contaminação da Área de Preservação Ambiental do Lajeado (APA). Segundo o proprietário do estande, Rodrigo Andrade, o local possui toda a documentação específica emitida pela prefeitura de Campo Grande para exercer a atividade. O empresário afirma que comprou mais de 400 mudas de eucalipto para plantar na pista e abafar o barulho.

“Nosso morro fica três metros abaixo do nível do solo, e não tem possibilidade de escapar tiro, porque a pista é desenvolvida por um engenheiro civil, e autorizada pelo Exército, que exige um projeto de segurança. Na inauguração teve muito tiro e os moradores, por não conhecerem a atividade, acharam horrível, mas tudo está nos conformes. A gente vai plantar essas 400 mudas na pista, que devem crescer em seis meses. Tudo para tentar abafar o barulho”, alegou.

Conforme a Associação de Moradores da APA, um ofício de reivindicação foi enviado ao Ministério Público Estadual (MPE), solicitando a desativação dos estandes de tiros localizados na região. O documento descreve a existência de um clube de tiro em atividade e outro em construção. Segundo apurado pela reportagem, o pedido foi oficializado e está na 26º Promotoria de Justiça da Capital, aguardando protocolo da promotora titular, dra. Luz Maria Borges, que deverá analisar o caso.

Para o administrador de empresas e morador de uma das chácaras, Lisandro Zeni, o problema dos estandes vai além dos disparos. “Eu penso no risco de uma bala perdida, fora a contaminação da pólvora que atinge o solo. É o dia todo esse tiroteio. Temos diversos animais de pequeno e grande porte que se afugentam na mata por causa do barulho. Pela recomendação da APA, não podemos soltar fogos de artifício aqui porque é proibido. Agora como eles conseguiram essa legalização aí é o que traz dúvidas para gente”, explicou o morador de uma das chácaras, Lisandro Zeni.  

Segundo a Federação de Tiro de Mato Grosso do Sul, para abrir um estande de tiros é necessário possuir documentos emitidos por autoridades municipais e estaduais. O presidente da instituição, Paulo César Mendonça, explica que cada estande pode ou não se filiar à federação, e que tal ato, não interfere nos trâmites de regularização junto aos órgãos competentes.

“A abertura de clubes não passa pela federação. Eles são abertos dentro de uma regulamentação, que passa pelo Exército, vistoria da Polícia Civil e aval da prefeitura. Eles têm o CR (Certificado de registro), e é tudo formalizado, não a bel-prazer. Se você passar pelo Parque dos Poderes, dependendo do horário, vai ouvir o pessoal da PM atirando. É preocupante? Não. Estão atirando num espaço controlado”, constatou.

O representante diz que a prática na modalidade ‘Caça’ é legal e que para exercer a atividade, é necessário ser filiado a um clube. “Para ir caçar, tem que ser filiado a um clube e ter toda a documentação. A especificação vai sair no CR desse atirador. O Ibama precisa cadastrar tudo e o usuário deve fazer um relatório mensal de abate. A caça autorizada é a do javali, que ameaça a fauna e flora de algumas regiões”, informou.

Em nota, o Conselho da Área de Proteção Ambiental dos Mananciais do Córrego do Lajeado, destacou que no plano de manejo da área de preservação, não conta nenhuma restrição para o desenvolvimento das atividades, estando o clube, dentro das conformidades impostas.