Há oito anos atendendo mulheres vítimas de violência doméstica, a Associação de Capacitação de Economia Solidária do Povo (ACIESP), localizada no bairro Aero Rancho há dois anos, precisa de ajuda para assegurar a vida das acolhidas.
Sem saída imediata, o portão da sede está há um ano em situação precária, segurado por paletes e com a estrutura frágil. Além disso, com o muro baixo e a fachada aberta, é mais fácil identificar as mulheres acolhidas, como conta a fundadora e coordenadora geral da ACIESP, Ceureci Fátima Santiago Ramos.
“Tá feia a situação, não só pela estética, mas a segurança. Essas semanas entrou um homem aqui querendo avançar em uma das nossas mulheres, então assim, são situações bem desagradáveis que vem acontecendo devido a segurança. Nós temos urgência para fechar essa frente, porque ficamos aqui vulneráveis”, disse.
Ceureci foi vítima de violência doméstica por 19 anos. Desde que conseguiu sair do relacionamento abusivo se dedicou a cuidar e ajudar de outras mulheres. “Eu quase morri para me libertar do meu casamento e, diante de toda essa dificuldade, eu decidi largar tudo que estava fazendo para me dedicar a ajudar outras mulheres, que assim como eu, sofrem de violência doméstica e não tem o apoio devido”, desabafou.
Mensalmente, a ACIESP atende entre 300 a 500 pessoas, entre mulheres violentadas, crianças e adolescentes, que passam a frequentar o espaço para acompanhar as mães ou avós. Ao chegar no local, o primeiro passo é a triagem depois, a vítima é encaminhada para o mercado de trabalho, caso já tenha uma profissão, ou para cursos profissionalizantes.
São 22 cursos ofertados, sem nenhum custo, entre eles corte e costura, cuidador de idoso, libras, espanhol, mecânico condutor e informática. Enir de Oliveira é uma das mulheres atendidas, a empreendedora já fez diversos cursos e agora está participando do de corte e costura avançado.
“Essa porta aberta aqui foi um divisor de águas. Porque, até então, eu não tinha como aprender, agora a gente aprende. A partir do momento que eu faço uma blusa, eu faço qualquer coisa, principalmente um lençol, que é meu principal objetivo, para que eu venda e fique um preço mais em conta”, revelou.
Enir vende enxovais já prontos e planeja usar o que aprendeu nos cursos para dar o ponta pé inicial em uma microempresa, reduzindo custos comandando desde a produção até a venda das peças.
Conforme Ceureci, esse é o objetivo da Associação, acolher e dar um novo caminho para as vítimas, que veem nos cursos uma esperança de conseguir sustentar a si mesmas e a família. “Enquanto elas não conseguem caminhar com as próprias forças a gente ajuda com cesta básica, roupas, o que elas precisarem. Depois acompanhamos elas para ver se deu tudo certo”.
Além do apoio profissionalizante e financeiro, as mulheres recebem acompanhamento jurídico e psicológico. Todas as despejas são bancadas pelo marido da fundadora, são cerca de R$50 mil em despesas fixas mensais. Algumas ajudas esporádicas também ajudam, como emendas parlamentares e editais.
Para arrecadar fundos, no dia 18 deste mês a Associação fará um bazar, das 8h às 17h, com venda de roupas, calçados, utensílios de cozinha, etc. No entanto, as doações precisam ser constantes, ainda mais referentes ao portão e muro da instituição. “Não precisa ser só dinheiro não, pode ser em mão e obra ou material para a gente levantar isso aí”, disse a fundadora.
Para ajudar, basta para entrar em contato com a ACIESP pelo telefone (67) 9 9220-2525 ou pelo Instagram @aciespms.