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Superlotação

"Tríplice epidemia" força abertura de 15 unidades de suporte na capital

A Secretaria Municipal de Saúde realizou o chamamento de mais de 150 médicos e 75 enfermeiros, além da compra de medicamentos de forma emergencial

Audiência na Câmara contou com a participação de representares do poder público, conselhos regionais e hospitais - Foto: Gerson Wassouf/CBN-CG
Audiência na Câmara contou com a participação de representares do poder público, conselhos regionais e hospitais - Foto: Gerson Wassouf/CBN-CG

Uma audiência pública foi realizada nesta quarta-feira (5) na Câmara Municial de Campo Grande para discutir a situação da saúde pública na capital, que sofre com superlotação em hospitas públicos e privados. O encontro com o tema "A saúde que queremos para Campo Grande", contou com a participação de representares do poder público, conselhos regionais e hospitais do município.

A adiência foi convocada pela Comissão Permanete de Saúde da Câmara com o objetivo de elaborar um documento com recomendações e sugestões de melhorias no setor para o executivo municipal, como conta o presidente da comissão, vereador Dr. Victor Rocha (PP).

"Tivemos diariamente várias reclamações de falta medicamentos, falta de vagas, hospitais superlotados, atrasos de recebimento de hospitais prestadores de serviço, desvalorização profissionais e, por isso, precisamos discutir essa situação".

No documento, foram inluídas 12 proposições para melhorar a saúde da capital. A superlotação nos hospitais, espera nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), falta de medicamentos e a necessidade de mais profissionais na área foram algumas das questões consideradas mais urgentes.

A Santa Casa, é um dos hospitais afetados pelo aumento no número de atendimentos, o diretor técnico da Instituição, William Lemos, estava presente na audiência e disse que a atual situação do hospital, com pronto socorro e leitos de internação superlotados, se da por falha do atedimento básico de saúde.

"Nós sabemos que muitos dos pacientes tem situações que podem ser resolvidas de uma forma menos complexa e mais oportuna, mas quando isso não é resolvido por uma falha da assistência básica, falta de acesso ou de atendimento integral, a situação de saúde dessa pessoa acaba piorando e quando ele procura o atendimento hospitalar, já é em uma situação de maior complexidade e isso acaba gastando mais recursos, precisa de mais tempo de internação e mais insumos. É uma fila que nunca acaba, infelizmente é o que a gente vê", conta o diretor.

A superintendente de vigilância em saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Veruska Lahdo conta as ações realizadas para lidar com a situação. 

"Desde o final de março nós viemos organizando nossas unidades fazendo o remanejamento de servidores para dar superte desses Upas (Unidades de Pronto Atendimento), remanejamento de pediatras também para dar suporte nessas unidades; além disso, estamos abrindo, e segunda-feira começaram a funcionar, 15 unidades de suporte de retaguarda para essas unidades de urgência, ou seja, com sintomas leves é preciso que a população procure essas unidades em vez de ir ao Upa.". 

De acordo com o secretário da Sesau, Sandro Benites, o momento da capital é de "tríplice epidemia", com diversos casos de dengue, gripe e Vírus Sincicial Respiratório (VSR) acometendo de forma grave as crianças, e a principal preocupação no momento é justamente a garantia de novos leitos pediátricos.

"Os leitos que temos nos hospitais da capital não são o suficiente para a demanda, os hospitais privados também estão sofrendo com ausência de leitos pediátricos [..] Acredito que, com 30 leitos, eu desafogo os atendimentos, temos uma média de 30 a 50 crianças esperando por uma vaga. Com 30 leitos eu desafogo as Unidades de Pronto Atendimento e consigo dar vazão e melhor atendimento para as crianças dentro do hospital, que serão atendidas por um especialista. Para isso, a prefeita está conversando com o governador para achar uma maneira de resolver essa questão", afirma Benites.

O secretário também defende, futuramente, a criação de um hospital pediátrico de Campo Grande. "Quando você concentra o atendimento em um só local, a comunidade sabe que vai ser atendida. Então eu sou favorável a essa criação e vou lutar para que isso aconteça, mas essa é uma pauta para o futuro, por enquanto estamos realizando estudos em cima disso", defende.

A Secretaria Municipal de Saúde realizou o chamamento de mais de 150 médicos e 75 enfermeiros, além da compra de medicamentos de forma emergencial. Foram adquiridos 1,5 milhão de medicações para os próximos três meses, medicamentos básicos que estavam em falta como antibióticos infantis e anticonvulsionantes. Será aberta ainda a compra de mais medicamentos para pelo menos um ano, para que a situação não volte a se repetir.