A Câmara Municipal de Campo Grande reuniu, na manhã desta sexta-feira (07), atletas, dirigentes e desportistas para discutir os rumos do futebol profissional de Mato Grosso do Sul. O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Educação e Desporto, composta pelos vereadores Prof. Juari (presidente), Valdir Gomes (vice), Beto Avelar, Ronilço Guerreiro e Prof. Riverton.
Um dos focos da audiência foi a FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), alvo de operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) que levou para a prisão o então presidente da entidade, Francisco Cezário de Oliveira. Desde então, a Federação está sob intervenção da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), com a presidência interina de Estevão Petrallás.
“Essa audiência é proposta por todos os amantes do futebol. Todos somos partes legítimas para discutir esse tema, que é muito importante para nossa Capital. Temos o intuito de debater os rumos do nosso futebol. Cezário ficou 27 anos na Federação. Nesse tempo todo, nunca teve uma chapa 2 nas eleições da FFMS, então alguma coisa estava errada. A partir do momento que não tem uma democratização. A oposição é o oxigênio da democracia”, considerou o vereador Beto Avelar, proponente do debate.
A operação “Cartão Vermelho” foi desencadeada no dia 21 de maio e investiga possível lavagem de dinheiro na FFMS. A entidade recebe recursos do Estado e da CBF e há 27 anos era chefiada por Cezário, que acabou preso. Segundo o MPE (Ministério Público Estadual), durante 20 meses de investigação, foi constatado que se instalou na entidade uma organização criminosa, cujo principal objetivo era desviar valores, sejam provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da Confederação, em benefício próprio e de terceiros.
O vice-presidente da FFMS, Alfredo Zamlutti Júnior, criticou a intervenção na entidade. “Ele [Cezário] tocava a Federação do jeito que ele queria. Cada um responde por seus atos. Fico triste, pois ele está doente. Não digo que ele é culpado, não sou juiz. Cada um tem direito a sua defesa. Mas, intervenção é um ato de força e antidemocrático. O futebol vai parar com essa intervenção. Não é por aí que vamos reconstruir o futebol. A assembleia é quem define quem vai continuar, se vai convocar nova eleição”, afirmou.
Para o presidente da Portuguesa, Gilmar Ribeiro da Silva, é preciso união dos clubes neste momento. “Estamos no momento de escrever uma nova história para o futebol de Mato Grosso do Sul. Tocar o futebol aqui não é fácil. Todo presidente de Liga ou de clube sabe como é difícil. Não temos incentivos das empresas. Estamos em um momento importante. Peço a todos muita sabedoria neste momento, pois temos que nos unir e entrar em consenso para decidir o que é melhor para nosso futebol”, defendeu.
Já o presidente do Vila Nova, Jorge Dauri de Oliveira, foi mais crítico à gestão de Cezário à frente da FFMS. “Todos sabiam do desmando do Cezário e sua quadrilha, todos sabiam e foram coniventes, pois ninguém se levantou para defender. O TJD, na minha época, era o puxadinho da Federação. Denunciei até pagamento de cirurgia de varizes pro Cezário, de 5 mil reais. Se não mudar, e ficar uma federação com dez vices, todos presidentes de clube, que mudanças vocês querem?”, questionou.
O presidente do Operário, Nelson Antônio da Silva, afirmou que o momento é de desenvolver o futebol sul-mato-grossense. “Os times da Capital não possuem estrutura alguma. Temos muita dificuldade para montar uma equipe competitiva por falta de estrutura, de campo, de estádio. A prática do futebol em Mato Grosso do Sul, não é de hoje, é muito difícil. Temos que aproveitar o momento para, com sabedoria, colher novos frutos daqui a alguns anos. Todos temos o dever de conduzir os destinos da Federação de Futebol”, citou.
Em sua fala, o vereador Júnior Coringa defendeu a alteração do Estatuto da entidade e a participação de todos no processo de reconstrução do futebol local. “A culpa não é só do Cezário. Todos nós temos um pouquinho de culpa nesse processo do nosso futebol. Onde estavam os outros? Não quero julgar ninguém. Mas, antes de definir um novo presidente da Federação, é preciso discutir o Estatuto da entidade. Sem oposição, não existe democracia”, afirmou.
Para o vereador Otávio Trad, a melhor saída para o futebol é unir setor privado com o poder público. “Nós temos o poder de cobrar, mas não de executar. Tudo que está dentro da nossa alçada para apoiar o futebol, temos feito. Não vejo outra saída para o futebol sul-mato-grossense a não ser a união do poder público com o setor privado. Não adianta o poder público ajudar e não termos um profissionalismo dos clubes”, disse.
Já o presidente interino da FFMS, Estevão Petrallás, se defendeu das críticas que vem sofrendo e pregou união dos cartolas. “A CBF me intimou. Ninguém deu golpe, não me interpretem assim. Chego aqui, e os companheiros acharam ruim, falando que o Estevão deu golpe. De repente, eu não sirvo. Começaram a me atacar no lado pessoal. Me deem a chance para que eu trabalhe 90 dias. Faço um compromisso de vir aqui e mostrar o que eu fiz. Eu vou fazer o que sei fazer, que é trabalhar. Estou muito certo que vou poder ajudar”, garantiu.
*Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal