O futuro político do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o isolamento do ex-governador André Puccinelli (MDB) e a pré-candidatura do prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), estão movimentando os bastidores da política de Mato Grosso do Sul. Sem contar das alianças, que poderão unir rivais na corrida presidencial na disputa para o Governo do Estado. As conversas de bastidores estão a cada dia ficando mais intensa.
O plano de Azambuja é lutar com unhas e dentes para eleger o secretário de infraestrutura, Eduardo Riedel, para a sua sucessão. E para estar engajado nesse desafio, Azambuja já avisou aos seus correligionários mais próximos que não disputará a nenhum mandato nas próximas eleições. Ele ficará no cargo de governador até 31 de dezembro de 2022 na esperança de passar a faixa para Riedel. Essa decisão mexe com tabuleiro da política, porque tira do vice-governador Murilo Zauith, do DEM, a chance de assumir o governo por nove meses. Então, se Murilo ainda tem alguma pretensão política, terá de concorrer a um mandato no Legislativo em 2022. O fato é que Azambuja não tem mais pretensões de renunciar ao cargo de governador para disputar a um mandato no Legislativo. O que ele quer mesmo é fazer Riedel governador.
André sofreu perdas importantes na sua base política. A ida do deputado estadual Eduardo Rocha, do MDB, para Secretaria de Governo mostra as articulações de Azambuja para minar a força de um forte rival de Riedel na corrida eleitoral. Isso mexeu com os nervos de André. E quando Rocha assume um dos cargos de grande expressão do Governo, leva junto a sua mulher, senadora Simone Tebet. Ela é hoje a principal estrela do partido em nível nacional. É ainda o nome de maior expressão do partido para disputar a Presidência da República ou, na melhor das hipóteses, ser vice de uma ampla coligação dos partidos de centro, que buscam um nome forte para terceira via na corrida presidencial. Mas se ela não for candidata a presidente ou a vice, deverá disputar a reeleição de senadora na chapa de André ou trocar de partido para seguir com sua caminhada política. Com André, a princípio, seria uma convivência conflitante.
Isto porque mesmo filiado ao MDB, a participação de Eduardo Rocha no governo mostra a sua adesão à campanha de Eduardo Riedel à sucessão estadual. E por tabela, Riedel contaria com apoio de Simone.
Além dessas duas lideranças, André não contará em seu palanque com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, do DEM. Ela fechou com Riedel. Tanto é que indicou vários correligionários para integrar o governo de Azambuja. É mais um desfalque nos quadros de aliados de André, que tinha na ministra a sua aliada mais próxima.
Na conversa que tive com o secretário municipal de Governo e presidente regional do PSD, Antonio Lacerda, ele me garantiu que Marquinho é candidatíssimo. Lacerda tem duas Bíblias abertas em sua mesa. Uma católica e outra evangélica. Ele pegou a Bíblia evangélica, colocou a mão direita em cima e declarou: “Te garanto que Marquinhos é candidato a governador do Estado”. Então esse gesto de Lacerda mostra quanto é sério o plano de Marquinhos disputar ao governo do Estado.
Essa decisão abre espaço para a vice-prefeita Adriane Lopes, do Patriotas, assumir a maior prefeitura do Estado. E ainda abre um imenso espaço para o seu marido, deputado estadual Lídio Lopes, crescer ainda mais na política de Mato Grosso do Sul. A base eleitoral de Lidio está mais fixada no Cone-Sul do Estado. Ele é de Iguatemi.
Baseando-se pelo atual cenário da política nacional, é provável que isso venha a acontecer. Os bolsonaristas, rivais do governador de São Paulo, João Dória, do PSDB, escolhido nas prévias para concorrer à Presidência da República, são aliados dos tucanos no Estado. Eles deverão se unir para apoiar a pré-candidatura de Eduardo Riedel ao governo do Estado. É o caso específico da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que já fechou com Riedel.