Campo Grande ostenta o título de 10ª capital brasileira com o melhor índice de esgotamento sanitário, segundo o Mapa da Desigualdade do Instituto Cidades. No entanto, quando o assunto são as doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado, a capital sul-mato-grossense cai para a décimo-sétima posição, figurando entre as dez piores do país.
A cada grupo de 100 mil habitantes em Campo Grande, são registradas 2,866 internações hospitalares por doenças como diarreia, dengue, leptospirose e hepatite A, um cenário preocupante que afeta principalmente as comunidades mais fragilizadas.
Falta de acesso à água potável e ao tratamento de esgoto é apontada como a principal causa para essa discrepância. De acordo com a Águas Guariroba, concessionária responsável pelo serviço na cidade, 11% da população ainda não tem acesso à rede de esgoto.
Flávia Carolini, moradora do Jardim Columbia, na região norte da cidade, relata como a falta de saneamento básico impacta a saúde de sua família. "Minhas filhas pequenas vivem com diarreia sem causa aparente. Eu já tive dengue e chikungunya, e meu filho também. É uma situação muito difícil", afirmou.
A infectologista Haydée Marina Pereira alerta para os perigos dessas doenças, que podem inclusive levar à morte. "Leptospirose, hepatite A, febre tifoide e gastroenterite são apenas algumas das doenças que podem ser contraídas pela falta de saneamento básico. É fundamental que a população tome medidas de precaução, como lavar as mãos com frequência, ferver a água e andar de chinelo", comentou a infectologista.
A Águas Guariroba afirma que está investindo na ampliação da rede de esgoto da cidade, com a meta de alcançar 90% de cobertura até o final de 2024. "Estamos próximos de chegar ao marco de 90% de cobertura de esgoto, antecipando o que está previsto em lei. No entanto, não vamos parar por aí. Em 2024, vamos investir na construção de mais de 200 km de rede, beneficiando mais 15 mil famílias", afirma o diretor-executivo da empresa, Gabriel Buim.
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