As doenças intestinais, conhecidas como gastrointestinais, aumentaram 157% em Campo Grande na última semana. O número de atendimentos saltou da média entre 2.500 e 3.000 para 5.700 pacientes, em sete dias. Na terça-feira (10), foram atendidos 4.381 pacientes, segundo o novo relatório da vigilância em saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).
Na comparação com a primeira semana de setembro (01 a 07) os atendimentos saltaram de 1.207 em 2023 para 3.107 casos em 2024, na rede pública de saúde. De janeiro até agora, Campo Grande registrou 68.040 casos, enquanto em 2023 foram 49.997 casos.
Segundo a secretária da Sesau, Rosana Leite, os casos registrados em Campo Grande são tipicamente virais.
“O caso que nós estamos tendo das gastroenterites é viral. Aí vocês perguntam, mas não foi feito o teste, não foi feito o parasitológico? Exames na medicina são complementares. A diarreia viral, clinicamente, é um pouquinho mais leve do que a diarreia bacteriana. Então, os casos que estamos acompanhando envolvem dor abdominal e mais de 3 episódios de diarreia, mas essa diarreia normalmente não tem muco e não tem sangue. E o paciente vai pra UPA e a maioria, mais de 90%, vai pra casa”.
Em conformidade com dados apresentados pela Sesau, os casos de agravamento que levam a internações são de problemas crônicos e não de gastroenterite. No entanto, segundo Rosana, a alta demanda por baixa complexidade nas Unidades de Pronto Atendimento (Upas) tem provocado o aumento de filas e espera no atendimento de problemas que podem ser tratados em Unidades de Saúde da Família (USF).
“A USF faz parte da rede de urgência para o atendimento da baixa complexidade, a urgência. O paciente está lá com uma dor abdominal leve, aquele mal-estar, com uma náusea, ele se encaminha para a unidade perto e tem que ser atendido, certo? E eles estão sendo atendidos. Já na unidade de emergência, infelizmente, nós observamos que, na nossa classificação de risco, mais de 80% de todas as nossas 10 unidades são classificadas como azul e verde. O azul era para estar todo na unidade de saúde da família, o verde aproximadamente 50%, 60%. Então, isso acaba sobrecarregando”, explicou a secretária.
De acordo com Rosana, o aumento de casos de Covid-19 em estados vizinhos – como Mato Grosso, São Paulo e Goiás – adiciona mais um fator de preocupação, já que, devido à proximidade geográfica, a transmissão pode ser potencializada aqui também.
“E nós temos duas capitais muito próximas e uma terceira que é importante, São Paulo. Goiás e Mato Grosso estão tendo esse aumento de Covid. Quando São Paulo aumenta, temos que nos preparar, pois os outros lugares também aumentarão. Nós observamos também um aumento na positividade dos testes de Covid. E os casos de gastroenterite podem estar relacionados com a Covid”.
Prevenção
Para frear a cadeia de contaminação, Rosana Leite chamou a atenção para os cuidados sanitários, higienização das mãos e alimentos.
Nos casos de doenças respiratórias, devido à baixa umidade e qualidade do ar, a recomendação é manter o ambiente o mais ventilado possível, fazer uso de umidificadores, hidratação e ingestão de bastante água.
Nas situações em que for necessário buscar atendimento médico, a Sesau recomenda a utilização de uso de máscara para os idosos.
"Para a população em geral não tem a indicação de você usar a máscara rotineiramente. Mas, continua a indicação para idosos, principalmente. Caso vá em qualquer unidade de saúde, independente se ele tá ou não com sintomas, é recomendável usar máscara. Porque a imunidade do idoso, a partir dos 65 anos e, principalmente, a partir dos 80 anos, a imunossenescência é muito patente. Então, a recomendação de máscara, independente, tem que usar".