Mato Grosso do Sul é o 9º estado com mais casos de violência contra médicos no Brasil. Um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) apontou o registro de 995 boletins de ocorrência no estado. Entre os crimes estão desacato, ameaça e até lesão corporal.
A situação é ainda mais grave em nível nacional. Os dados do CFM mostram que um médico é agredido a cada três horas no Brasil. Esse número pode ser ainda maior, pois muitos profissionais que são vítimas de violência deixam de registrar o ocorrido, por medo de a situação se agravar.
Este é o caso de um médico do interior de Mato Grosso do Sul, que preferiu não se identificar. Segundo ele, é comum que os pacientes fiquem alterados e empurrem médicos e enfermeiros, além das agressões verbais.
O médico relata uma das situações mais recorrentes: “Ofende o médico porque não dá atestado. Porque ele [paciente] só quer ir à UPA para pegar o atestado e, muitas vezes, ele faz questão de ter o atestado dele. Então, assim, violência física, fala que vai chamar a polícia porque o médico não quer dar o atestado. Isso é bem comum”.
CONSEQUÊNCIAS
O médico afirma que pensa em mudar de área de atuação por conta da violência. Segundo o conselheiro do CFM, Flávio Freitas, outros profissionais têm o mesmo pensamento, e alguns acabam desistindo até mesmo da carreira.
“A agressão à pessoa, ao indivíduo, independentemente de ser médico ou não, pode gerar traumas e isso impactar diretamente o seu trabalho. Expõe o profissional, desestimula, e ele acaba abandonando a profissão. Infelizmente, já ocorreu e pode eventualmente ocorrer no futuro”.
O presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed), Marcelo Santana, afirma que o Sinmed tem um canal de denúncias para os profissionais, e que atua para que casos de violência sejam punidos. “Os profissionais podem, a qualquer momento, diante de qualquer ameaça, entrar em contato com o nosso sindicato, que tomaremos todas as medidas necessárias, inclusive jurídicas, da esfera penal”.
“Em caso de agressão, os profissionais vão até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência, e o sindicato entra com questões jurídicas para que isso seja apurado e levado às autoridades”, explica o presidente.