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"Colocar o Pantanal no mapa mundo", diz diretor de ONG participante da COP29

Este ano, a conferência do clima é considerada a "COP do financiamento" e MS busca recursos para aperfeiçoar as estratégicas de prevenção e combate aos incêndios

Bioma pantaneiro durante o período das águas
Bioma pantaneiro durante o período das águas | Foto: Reprodução/SOS Pantanal

A 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que está sendo realizada em em Baku, no Azerbaijão, desde a última segunda-feira (11), também reúne representantes de organizações não governamentais que atuam em Mato Grosso do Sul.

Uma delas é o Instituto SOS Pantanal, que enviou dois representantes para mostrar ao mundo o bioma pantaneiro com suas belezas, potencialidades e desafios. O diretor-executivo do instituto, Leonardo Gomes, disse que o objetivo é mostrar a “importância de se conservar esse bioma, que a duras penas vem sendo conservado por todos que lá vivem, mas que precisam de mais atenção com relação a políticas públicas e principalmente investimento internacional.

Este ano, a conferência do clima, que já é considerada a “COP do financiamento”, tem como um dos principais objetivos estabelecer uma Nova Meta Quantificada Global de Finanças. Na prática, significa definir um novo valor e de onde virão os recursos em substituição ao último acordo, que previa US$ 100 bilhões anuais entre 2020 e 2025, o que não foi atingido.

Leonardo Gomes, diretor-executivo do Inst. SOS Pantanal – Foto: LSSCom

Leonardo destaca que a seca e os incêndios observados no Pantanal este ano têm grande chance de se repetir, e que é fundamental expandir e aperfeiçoar as estratégias de prevenção e enfrentamento.

Para o ambientalista, é necessário agir com maior rapidez e eficiência no combate aos incêndios florestais. Ele destaca a importância de estudar e aplicar, por exemplo, o uso de “retardantes de incêndios” (entenda abaixo), tecnologia já adotada com sucesso em diversos países.

“Ainda precisamos melhorar, porque isso vai voltar. As projeções não são muito boas para o cenário de seca e incêndio florestal. Então, a gente vai precisar ter uma resposta mais rápida ainda, com o uso mais eficiente de aeronaves. As aeronaves são a parte mais cara da operação. O que a gente precisa fazer é investir mais no primeiro semestre”.

Acompanhe a entrevista na íntegra:

Retardantes de incêndios

São substâncias químicas usadas para reduzir a intensidade do fogo e dificultar sua propagação. São produzidas à base de fosfato de amônio, à base de sais ou em forma de gel, formando uma camada protetora mais duradoura.

Eles são aplicados de forma preventiva ou durante a ocorrência de incêndios florestais, com o objetivo de aumentar o tempo de resposta e facilitar o controle das chamas pelas equipes de combate. Essas substâncias não “apagam” o fogo, mas ajudam a retardar seu avanço, criando uma espécie de barreira protetora na vegetação.

Alguns países utilizam amplamente os retardantes de incêndio, como:

  • Estados Unidos: Especialmente na Califórnia, no Oeste e Sudeste do país. O Serviço Florestal dos EUA (US Forest Service) é um dos maiores usuários dessa tecnologia. Eles frequentemente lançam retardantes a partir de aviões e helicópteros sobre as áreas em chamas.
  • Austrália: Na Austrália, os retardantes são usados para combater incêndios na região das florestas tropicais e nas savanas. O país já tem experiência com o uso de retardantes durante a temporada de incêndios florestais, que pode durar vários meses.
  • Canadá: Em regiões da Colúmbia Britânica, Ontário e Alberta, os retardantes de incêndio são usados para lidar com grandes incêndios florestais, especialmente em áreas remotas e de difícil acesso.
  • Europa: Em países como a Espanha, Portugal, França e Grécia, que enfrentam incêndios florestais frequentes, também são utilizados retardantes para auxiliar no controle das chamas, principalmente durante os verões mais secos e quentes.

Embora os retardantes de incêndio sejam eficazes, há algumas considerações a serem levadas em conta, como:

  • Impacto ambiental: Algumas substâncias, especialmente à base de fosfato de amônio, podem ter efeitos negativos sobre o solo e a água, se não forem usadas de forma controlada. Podem alterar a qualidade do solo, afetar plantas e animais, ou mesmo poluir corpos d’água. Por isso, os especialistas buscam alternativas mais seguras e biodegradáveis.
  • Custo: O uso de retardantes de incêndio pode ser caro, pois envolve a aplicação aérea, o que exige o uso de aeronaves especializadas e produtos químicos.
  • Eficácia limitada: Embora ajudem a controlar o fogo temporariamente, os retardantes não garantem que o incêndio será completamente extinto. Eles servem principalmente como uma ferramenta de contenção, permitindo que os brigadistas combinem com outras estratégias de combate.