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Nem-nem

Cerca de 100 mil jovens em MS não estudam nem trabalham

Apesar de ser a menor do Centro Oeste, taxa ainda é alta, segundo especialista

Você já deve ter ouvido a expressão “nem-nem”, que se refere aquelas pessoas que não trabalham e nem estudam. Segundo a última pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística (IBGE), referente ao ano de 2022, Mato Grosso do Sul tinha 631 mil jovens com idade entre 15 e 29 anos. Destes, cerca de 100 mil se enquadravam na categoria “nem-nem”.

O índice (16%) é menor do que a média nacional (19%) e também o menor da região Centro-Oeste. Apesar do cenário parecer positivo, o sociólogo Raphael Mestre faz um alerta. “É positivo em relação ao Brasil, que é mais alta, mas ela não deixa de ser uma taxa alta. De uma população que, historicamente, é uma população economicamente ativa. Então, além de não estar economicamente ativa, ela não está conseguindo estudar. Esse número deveria ser bem menor”.

O sociólogo comenta o que pode estar causando essa desocupação dos jovens. “Pelo que eu percebo e analiso, cada vez mais os jovens têm demorado mais para sair da casa dos pais. Então acaba ali um ensino médio e tem a dificuldade de conseguir o emprego, por não ter experiência. Ou entram na informalidade, fazendo freelance, trabalhando em aplicativos, que às vezes não entram [na pesquisa]”.

Entre os jovens “nem-nem”, a maior parte (20%) está na faixa etária entre 18 e 24 anos. A assistente de sala, Ingrid Rodrigues, está nessa faixa, mas em uma situação diferente. Ela faz parte dos 15% que estudam e trabalham. Ingrid trabalha em uma escola de educação infantil durante o dia e a noite vai à universidade, onde cursa pedagogia.

Eu decidi começar a trabalhar para ter uma liberdade financeira. Mas também acredita que seja muito importante para adquirir experiência […] esse primeiro contato é importante”.

A rotina não é fácil. “A conciliação é bem difícil. O principal é o esgotamento que você fica quando está em aula, porque você já está cansado, trabalhou o dia inteiro. E em questão dos trabalhos próprios. As atividades. As vezes, acontece até de você precisar deixar uma aula de uma disciplina para poder se dedicar em outra disciplina”.

Diante dessas dificuldades, a maioria acaba tendo que tomar uma decisão e cerca de 46% dos jovens de Mato Grosso do Sul se dedicam apenas ao mercado de trabalho.