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Cidadãos invisíveis: indígena faz certidão de nascimento aos 16 anos de idade

Ação da Justiça percorre as comunidades tradicionais em Mato Grosso do Sul

Atendimento realizado em Laguna Carapã, no Sul do estado - Foto: Divulgação/TJMS
Atendimento realizado em Laguna Carapã, no Sul do estado - Foto: Divulgação/TJMS

Eles estão fora das estatísticas e das políticas públicas porque 'não existem' oficialmente. Sem a garantia dos direitos civis, políticos, econômicos e sociais, vivem à margem da cidadania e da democracia.

Não se sabe quantos são, mas estima-se que há centenas deles por Mato Grosso do Sul. E, já no primeiro dia dos  serviços do Juizados em Ação nas Comunidades Tradicionais e da Carreta da Justiça edição Laguna Carapã, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), Everton Vasque, da aldeia Guaimbé, teve a oportunidade de fazer a certidão de nascimento.

Aos 16 anos, o jovem indígena, agora, poderá ser 'visto' pelo poder público. O cacique Marizeu Benites, da aldeia de Everton, não escondeu a satisfação. “É muito importante para nós porque na primeira ação muita gente ficou de fora. A gente tendo o nosso documento tem como requerer os benefícios que temos direito. Temos dificuldade de ir atrás. Não temos transporte. A aldeia fica longe e a ação vem até nós”.

A aldeia Guaimbé fica a 40 quilômetros da cidade de Laguna Carapã, no sul do estado, e a 330 quilômetros de Campo Grande. A terra indígena reúne o povo guarani kaiowá.

Pelos próximos dois dias, a população indígena e os moradores em geral do município vão receber atendimento nas áreas de Justiça e Saúde. A ação de cidadania está sendo realizada na Escola Estadual Álvaro Martins dos Santos, das 8 às 17 horas, com apoio do exército.

O presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, desembargador Alexandre Bastos, disse que, se faltar algum serviço, o poder judiciário voltará a Laguna Carapã com as instituições parceiras requisitadas. “Estamos aqui para fazer exatamente aquilo para o qual existe o serviço público que é servir e, em especial, às comunidades tradicionais. Não por uma distinção, por uma escolha qualquer, mas porque nessas comunidades temos um índice de invisibilidade do cidadão muito grande. O Estado brasileiro é muito bem remunerado para entregar serviços para o seu cidadão”, garantiu.

Sobre os serviços

O Juizados em Ação nas Comunidades Tradicionais é idealizado pelo Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais para oferecer soluções pré-processuais, agilizando atermações das demandas, e com isso consolidando cada vez mais a democratização do acesso à justiça.

Já a Carreta da Justiça é uma unidade móvel de atendimento do Poder Judiciário semelhante a um minifórum, com competência para apreciar e julgar ações de natureza cível, criminal e dos juizados especiais.

*Com informações do TJMS

 

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