Em crise financeira interminável, a Santa Casa de Campo Grande solicitou nesta segunda-feira (24) a suspensão do encaminhamento de pacientes para o hospital devido à superlotação.
Em ofício encaminhado no final desta manhã, a diretoria técnica da unidade enfatiza que “é necessária a interdição de atendimentos de quaisquer outras naturezas que não emergenciais e referências exclusivas, a partir de agora, em função de desabastecimento grave de insumos, principalmente em ORTOPEDIA“.
O documento destaca que “NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE NOVAS ADMISSÕES” e solicita ainda a transferência de pacientes internados para outros hospitais, para que recebam “assistência adequada e segura” para evitar “complicações e sequelas“.
A Santa Casa informou que, neste momento, mais de 80 pacientes ocupam o Pronto Socorro da unidade, que tem contrato com o SUS para reservar 13 leitos ao atendimento pelo Sistema Único de Saúde.
“Temos diversos pacientes aguardando atendimento, aguardando leito. A Santa Casa passa por uma situação gravíssima de desabastecimento e os pacientes continuam chegando em grandes volumes. Este final de semana contou com diversos politraumas, diversas situações que culminaram nessa lotação impressionante do nosso hospital“, informou o diretor técnico Dr. William Leite Lemos Júnior.
O ofício de nº 54/2025 foi enviado para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para a Coordenadoria de Urgências e Central de Regulação Hospitalar, da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), para a Central de Regulação Estadual e para o Ministério Público, por meio da 32ª Promotoria de Justiça de Campo Grande. O Conselho Regional de Medicina também foi comunicado sobre a decisão.
A situação aqui na Santa Casa de Campo Grande é, como a gente pode dizer, caótica, pela falta de outro termo que podemos colocar. Estamos aqui diante de pacientes que se acumulam e se aglomeram nos corredores.
Dr. William Leite Lemos Júnior – diretor técnico da Santa Casa de Campo Grande
O hospital informou que devido ao desabastecimento de medicamentos e insumos, o atendimento pediátrico “também tem sido um problema sério para nós nesses últimos dias” e que a unidade não consegue dar a vazão necessária para os pacientes e a demanda por atendimento “continua crescente, pressionando gravemente a assistência no nosso hospital. Infelizmente, o Hospital Santa Casa de Campo Grande pede socorro porque não estamos conseguindo mais manter a assistência em níveis aceitáveis“, concluiu o diretor técnico.
As secretarias de Saúde municipal e estadual ainda não se pronunciaram oficialmente sobre a decisão do maior hospital da região Centro-Oeste do país, em volume de atendimentos do SUS, de paralisar os serviços diante de mais uma crise financeira enfrentada pela instituição.