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Rota Bioceânica

Construção de ponte sobre o rio Paraguai usa até gelo no concreto

Condições climáticas extremas, com temperaturas acima dos 40 graus, exigem soluções criativas para esfriar o material usado nas obras

Gelo em cubos sendo levado pela esteira para ser incorporado ao concreto, no canteiro de obras da Bioceânica | Fotos: Reprodução/MOPC
Gelo em cubos sendo levado pela esteira para ser incorporado ao concreto, no canteiro de obras da Bioceânica | Fotos: Reprodução/MOPC

A construção da ponte Bioceânica, que ligará Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta (Paraguai), já foi concluída em mais de 65% conforme informou o Ministério de Obras Públicas e Comunicações (MOPC) do governo paraguaio.

Mas o calor extremo na região pantaneira e do Chaco paraguaio, onde as obras estão sendo realizadas, tem exigido medidas criativas para garantir a qualidade do concreto utilizado. Uma das soluções adotadas pelos engenheiros é incorporar gelo ao material fresco.

Inovação x calor extremo

O andamento dos trabalhos para a implantação do chamado Corredor Bioceânico ocorre em condições climáticas exigentes, típicas do Chaco paraguaio e da região pantaneira – dois ecossistemas semelhantes em questões de geografia e clima, o que exigiu um planejamento cuidadoso para garantir segurança e durabilidade para a obra.

Neste mês de janeiro, o município sul-mato-grossense de Porto Murtinho, localizado a 437 km de Campo Grande, registrou recordes consecutivos de cidade mais quente do país.

Durante os últimos dias, Murtinho registrou as maiores temperaturas no país, com pico no dia 10 deste mês, quando os termômetros chegaram a 41,8 ºC e a sensação térmica ficou próxima dos 50 ºC.

E para enfrentar as altas temperaturas da região, os engenheiros incorporam gelo à mistura do concreto. Essa técnica proporciona hidratação e resistência ao material, segundo os estudos do governo paraguaio.

De acordo com os técnicos, são utilizados entre 110 e 120 quilos de gelo para cada metro cúbico de concreto, dosagem definida por meio de um software desenvolvido para esse tipo de trabalho para garantir a temperatura ideal nessa etapa da construção.

Caso as especificações não sejam atendidas, o concreto perde resistência e há risco de ocorrer fissuras, endurecimento rápido e retenção de umidade.

Fizemos isso na Ponte Heróis do Chaco e agora na Bioceânica. Para enfrentar o calor do Chaco e garantir a qualidade do concreto, usamos gelo na mistura, evitando o endurecimento prematuro e garantindo um material de alto desempenho“, explicou o engenheiro Edgar Casco.

Ele ressaltou que, no caso das estacas, a temperatura do concreto foi mantida até 35 graus Celsius mas em outras etapas da obra, a temperatura deveria ficar entre 18 e 20 graus Celsius.

Ponte Bioceânica

A ponte no modelo estaiada terá uma extensão total de 1.294 metros, sendo 632 metros sobre o rio Paraguai, incluindo um vão central de 350 metros. Os pilares, elementos centrais da obra, foram projetados para 130 metros de altura. (Veja galeria de fotos abaixo)

A obra vai cruzar o rio Paraguai para viabilizar a implantação do Corredor Rodoviário Bioceânico, que busca otimizar a logística regional e facilitar a ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

A Rota Bioceânica deve aumentará a competitividade e a eficiência nas exportações e importações de Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, fortalecendo a integração regional e promovendo novas oportunidades de comércio, investimento e cooperação na América do Sul.

A construção da ponte está sendo realizada pelo Consórcio Binacional PYBRA, formado pelas empresas Tecnoedil (Paraguai), CidadePaulitec (Brasil), com investimento de R$ 575,5 milhões da administração paraguaia de Itaipu.

As obras começaram no dia 14 de janeiro de 2022, com previsão de conclusão ao final de 2025. Agora, a expectativa do Paraguai é concluir este megaprojeto no primeiro trimestre de 2026.

Fotos: Divulgação/MOPC