Corumbá encerrou 2024 com o preocupante marco de ser o segundo município com maior área queimada no Brasil, com 841.816 hectares consumidos pelo fogo. O dado coloca a cidade atrás apenas de São Félix do Xingu, no Pará, que registrou 1.477.810 hectares devastados, segundo levantamento do MapBiomas.
O número reflete um aumento de 257% em relação a 2023, quando Corumbá figurou como o sexto município do país com maior área queimada, totalizando 235.248 hectares.
O Pantanal, bioma amplamente presente na região, foi duramente afetado, com 1,9 milhão de hectares queimados em todo o ano de 2024. Destes 65% foram no Pantanal sul-mato-grossense, o equivalente a 1,2 milhão de hectares.
De acordo com o MapBiomas, o número representa um aumento de 64% em relação à média dos últimos seis anos, sendo superado apenas pelo recorde de 2020, quando 2,3 milhões de hectares foram destruídos.
Secas extremas e incêndios descontrolados
A seca extrema vivenciada em 2024 foi comparável à de 2020, tornando o Pantanal mais vulnerável à propagação de focos de incêndio. O coordenador de mapeamento do bioma Pantanal no MapBiomas, Eduardo Rosa, destaca que o fogo tem avançado para áreas internas do bioma, como as planícies pantaneiras, que antes eram alagadas e menos suscetíveis às chamas.
“Hoje, por conta dessas secas extremas, essas áreas estão sendo atingidas. Isso inclui regiões que não são adaptadas ao fogo, como florestas, o que afeta a biodiversidade e a dinâmica do bioma”, explica Rosa.
Cenário estadual
Mato Grosso do Sul foi o sétimo estado brasileiro com maior área queimada em 2024, totalizando 1.650.442 hectares. Além do Pantanal, o Cerrado e a Mata Atlântica também sofreram com os incêndios, somando 286.309 e 106.187 hectares queimados, respectivamente.
Prevenção e panorama para 2025
Eduardo Rosa ressalta que a preservação do Pantanal depende não apenas da planície, mas também das áreas de entorno, como o Planalto, que influencia diretamente os recursos hídricos do bioma. “Precisamos de um planejamento melhor do uso da terra, recuperação de áreas degradadas e preservação do que resta de vegetação nativa”, afirma.
Com o início de 2025, as expectativas climáticas são mais favoráveis, graças ao retorno de um ciclo de cheias, previsto para atingir seu pico em abril. Ainda assim, Rosa alerta para a necessidade de manter ações preventivas, especialmente para o segundo semestre, período tradicional de secas no Pantanal.