A semana começou caótica para quem buscou atendimento médico de urgência e emergência nas Unidades de Pronto Atendimento em Campo Grande. O atendimento pediátrico foi o mais sobrecarregado.
Somente na UPA Coronel Antonino 430 crianças haviam passado pela triagem nos períodos da manhã e da tarde, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). E o tempo de espera para conseguir uma consulta variava, sendo superior a cinco horas em muitos casos e gerou revolta dos pais diante da demora.
" Tem criança aqui que já deveria estar no soro faz horas. Aí, depois piora e a pediatra pergunta por que a gente não trouxe mais cedo pra consulta.[…] E com esse surto de gripe, de covid, fica todo mundo aqui misturado, adulto com criança, tudo passando mal. Tinha que estar tudo separado", disse a autônoma Josilene Silva que estava com o bebê de colo com problemas respiratórios.
A atendente de caixa Nicole Poliana disse que chegou à UPA pouco depois do almoço e até perto das 17h ainda não havia conseguido atendimento para o filho. "Ele está com machucado nas pernas e nenhum médico sabe me dizer o que pode ser aquilo Eu já fui em vários postos e ainda não consegui o diagnóstico", reclamou.
Assim como Nicole, na tentativa de conseguir um médico ou um diagnóstico preciso, os pacientes peregrinam por várias unidades de saúde. "Eu estava lá na Universitária. A situação lá também está precária. O banheiro tá todo entupido, não tem como usar. E lá eu não consegui nem fazer a triagem. cheguei lá às nove horas (da manhã) e saí às duas horas da tarde, não consegui ser atendida e vim pra cá. Agora estou aguardando. Sabe lá Deus que hora vou ser atendida", lamentou outra paciente.
Na escala de plantão divulgada pela Secretaria de Saúde constavam 6 pediatras no período da tarde. Mas o total de especialistas trabalhando na Upa Coronel Antonino foi menor: quatro médicos. A Sesau informou que outros três profissionais foram convocados para reforçar o atendimento e diminuir o tempo de espera.
A doméstica Lidiane Muniz chegou ao meio-dia na unidade de saúde em busca de atendimento para o marido que passava mal e precisava ser medicado. Foram quatro horas de espera, apenas para fazer a consulta. "Não tinha leito pra ele tomar o soro e também tinha bastante gente esperando pra tomar medicação também, inclusive criança também. […] Ninguém está aqui porque quer, né. A gente está aqui por precisão.Então, o mínimo que eles podem faze é arrumar mais leito e não deixar tanta criança nessa situação", desabafou.
A situação também era crítica quando chegava a vez do atendimento, pois a chamada pelo paciente era no grito. Não havia senha eletrônica, microfone ou mesmo um monitor para que os pacientes pudessem acompanhar a evolução dos atendimentos.
Além da longa espera e da falta de espaço, vários pacientes aguardavam do lado de fora, na calçada. Quando ouviam o chamado em nome dos pacientes, muitos familiares saíam correndo para não perder a vez da consulta.
A Secretaria de Saúde da Capital informou que a demanda “está bem acima do normal, atípica. Só no período da manhã foram atendidas 2,3 mil pessoas nas 10 unidades de urgência”. Para o plantão noturno, a Sesau solicitou reforço em todas as unidades a fim de tentar reduzir o impacto da alta demanda.
A nossa reportagem solicitou à Sesau maiores informações sobre o momento epidemiológico pelo qual Campo Grande estaria passando, sobre o que explica essa superlotação e as doenças que estão agravando o atendimento da saúde pública. Mas até o fechamento dessa reportagem não recebemos esse retorno.
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