Até poucos dias, o ex-presidente Jair Bolsonaro estava fechado com a reeleição da prefeita Adriane Lopes (PP) em Campo Grande.
Esse acordo foi costurado pela ex-ministra da Agricultura, senadora Tereza Cristina, presidente regional do PP, e era dado como certo. Tanto é que as negociações desmobilizaram as ações de lideranças do PL interessadas em concorrer à prefeitura da capital sul-mato-grossense.
Mas parece que algo deu errado no final da costura do acordo de Tereza com Bolsonaro porque, ainda na semana passada, começou uma reviravolta com PL fechando apoio ao deputado federal Beto Pereira (PSDB) para prefeito de Campo Grande. Essa conversa pegou muita gente de surpresa, até dentro do PL, onde todos já contavam com aliança pela reeleição de Adriane.
Para confundir ainda mais a cabeça de muitas lideranças políticas, o deputado federal Marcos Pollon, presidente regional do PL, postou vídeo em suas redes sociais dizendo que será candidato a prefeito de Campo Grande por determinação da direção nacional do PL. Essa ordem, leia-se Jair Bolsonaro.
Só que Bolsonaro não confirmou e ficou muito irritado com Pollon sair candidato. Muito pelo contrário, o ex-presidente não tem Pollon como opção em Campo Grande e está insatisfeito com a forma como o deputado está conduzindo o partido no Estado.
Pollon até tinha interesse na aliança com o PSDB se pudesse indicar a sua esposa, Naiane, para vice. Não conseguiu emplacá-la.
O que ninguém entendeu é Pollon dizer ser candidato depois de Bolsonaro conversar com o governador Eduardo Riedel e o ex-governador Reinaldo Azambuja, presidente regional do PSDB, para tratar da aliança.
Essa atitude foi considerada uma rebeldia de Pollon. O deputado teria agido assim porque não foi convidado, como presidente do PL, a participar das reuniões com Bolsonaro e depois com Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL.
Nessa reunião em Brasília, Bolsonaro e Costa Neto pediram apoio para a direita eleger em 2026, no mínimo, 4 deputados federais e os dois senadores. Um dos senadores seria Azambuja.
O PSDB se comprometeu, pelo número de prefeitos e vereadores a serem eleitos este ano, apoio político e eleitoral para cumprir a meta colocada na mesa de negociação política pelos líderes do PL.
Diante deste cenário, o PP não teria a mesma condição do PSDB para cumprir as exigências de Bolsonaro e Valdemar. Até o início da semana passada, Bolsonaro estava com Adriane. Mas acabou sendo seduzido pela proposta de Azambuja e Riedel para fechar aliança com PSDB.
Todo esse imbróglio mostra uma direita arrebentada em Campo Grande. A aliança entre PL e PP era uma união de força da direita. Agora, os dois partidos que estavam aliados extraoficialmente serão adversários na corrida eleitoral em Campo Grande.
A concretização da quebra de acordo de Bolsonaro de apoiar a reeleição de Adriane Lopes pode agravar a crise na direita em Mato Grosso do Sul. E ainda por cima, provocar rompimento de Tereza Cristina com Bolsonaro, para não ficar desmoralizada. Esta é uma avaliação de líderes do PP surpresos com a mudança de postura do ex-presidente.
Outro fator preponderante nessas articulações é que Bolsonaro não levaria, a princípio, todo o partido para apoiar Beto Pereira. A maioria das grandes lideranças não engole essa parceria por fazer dura oposição ao PSDB.
Outro problema é o PSDB segurar na aliança o PSB do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, porque teria de dividir o palanque recheado de bolsonaristas.
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