O bairro Nova Campo Grande nasceu com a perspectiva de ser um novo ponto de avanço na capital, no entanto, moradores amargam inúmeros problemas. De ruas sem asfalto até falta de esgoto, o bairro localizado na região oeste de Campo Grande, ainda necessita de melhorias básicas.
O aposentado Mauro Rosa (60), mora em frente a Av. Nove há três anos e viu a pavimentação chegar com a promessa de ser concluída em toda a avenida, no entanto, não foi isso que aconteceu.
“A empreiteira veio, fez o serviço aí já tem mais de 10 anos que ficou de fazer o asfalto desse outro lado e até agora não foi feito. Toda vez que chove fica com lama demais, muito bairro, é muito complicado. Quando chove isso aqui vira um mar, não tem como nem abrir a porta da casa”, contou.
Seo Mauro disse ainda que em uma rua próxima que está sendo asfaltada é possível ver buracos e desníveis que causam alagamento. “Quebra asfalto e não arruma o buraco direito”, completou.
A falta de asfalto causa problemas também no deslocamento da população, principalmente se for preciso pedir carro de aplicativo. Mirian, que não quis identificar o sobrenome por receio de represálias, relatou que não consegue mais pedir corridas por aplicativos.
“É muito difícil o Uber vir aqui, por causa da rua, ele tem medo de atolar. O carro da pizzaria já atolou na frente da minha casa, eu ganhei duas pizzas porque ajudei a desatolar o carro. Agora, às vezes eu peço pizza, falo que moro na Rua 50 e daí falam que não vem aqui, eles não entregam”, relatou.
Conversamos com um motorista de aplicativo que explicou o motivo da recusa em corridas oriundas ou em direção ao bairro: segurança e longas distâncias sem passageiro embarcado. “Eu ir para bairro longe ou aeroporto, por exemplo, e voltar sem corrida não compensa. A Uber não paga os quilômetros que voltamos vazios, só paga o deslocamento e o valor da corrida com o passageiro embarcado”, explicou o motorista que não quis se identificar.
Agora viúva, Mirian disse que o sonho dela e do esposo, que faleceu recentemente, era reformar a casa em que agora mora com os filhos. “Não tenho mais gosto de arrumar nem comprar coisa pra minha casa. Enquanto eles não arrumarem a rua aqui, o esgoto, eu não vou comprar mais nada e nem mexer na casa. Não é justo a gente querer manter nossa casa bonita e não poder, porque toda vez que chove, alaga”, disse desapontada.
Sobre o asfalto, a prefeitura da capital informou em nota retorno que “A obra na Nova Campo Grande está em andamento. Está em implantação um sistema de drenagem para captar e escoar toda a enxurrada na área que receberá pavimentação”.
Na rua em que Mirian mora há um buraco, que seria a passagem para a tubulação de esgoto, aberto há mais de seis meses. Mal sinalizado, o local é propício para causar acidentes. “Na minha Rua 50, já tem mais de seis meses que tem duas bocas de bueiro abertas, eles têm que tomar atitude para fazer isso logo”, reivindicou a moradora. Em nota, a Águas Guariroba disse que: “(O buraco) é uma obra conjunta com a prefeitura. Uma equipe vai dar seguimento nesta tarde na obra no local”.
Enquanto aguarda o conserto, sempre que chove Mirian torce para que a quantidade de água não cause um novo alagamento. “Toda vez que chove, alaga, devido à demora do asfalto. Minha casa já foi alagada duas vezes, meu moveis estão todos destruídos, nem vou comprar mais”.
Karita, outra moradora do Nova Campo Grande, também sofre com a falta de escoamento da água, quando não tem a casa invadida pela água da chuva, precisa desembolsar R$170 para contratar um ‘limpa fossa’, já que o esgoto é precário na região.
“Nossa, vira um rio. Eu mando esvaziar a fossa aqui, não vai nem uma semana já tá cheia de novo e é R$170 cada vez. Eu não tenho condição de pagar isso, daí fica vazando. Já veio pessoal da saúde, os vizinhos reclamam, mas eu não tenho o que fazer, vou trabalhar só pra mandar esvaziar a fossa”, relatou indignada.
A inexistência de bocas de lobo ou outra forma de canalização para a água da chuva é um dos problemas que causa dor de cabeça ao primeiro morador ouvido pela reportagem da CBN, Seo Mauro Rosa, que disse já ter perdido a esperança em ver esse problema revolvido.