Em plena Black Friday, a alta do dólar pode prejudicar o movimento do comércio na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. O mercado financeiro reagiu rapidamente ao anúncio da reforma no Imposto de Renda, e a moeda norte-americana bateu ontem (28) a marca de R$ 6 pela primeira vez na história.
Quem pretendia cruzar a fronteira para fazer compras já repensa a decisão. Esse é o caso do auxiliar de operações Gabriel Ruiz. “Eu vou para Ponta Porã a trabalho e pensei em passar no Shopping China para comprar algumas coisas. Mas, com o dólar em alta, não sei se vai compensar”.
O cinegrafista Daniel Baptista mora em Campo Grande, mas tem familiares em Ponta Porã e costuma aproveitar as viagens para fazer compras no Paraguai. Ele percebe que o preço dos itens já está subindo há algum tempo. Hoje, Daniel acha que não vale a pena fazer a viagem apenas para ir às compras.
“Eu estava fazendo as comparações de custo no Paraguai e aqui em Campo Grande. É uma diferença de R$ 12 em média. Então o gasto que eu vou ter com locomoção não vale a pena. Às vezes, compensa comprar um eletrônico ou outro, mas os itens que eu compro não compensam”, diz Baptista.
Impactos
Segundo o economista Aldo Barrigosse, o comércio da região de fronteira deve ser afetado pela alta do dólar. “Impacta diretamente no preço final para o consumidor. Então, a tendência é que a gente tenha um impacto no volume de compras”.
Mas é possível que os lojistas já tenham se preparado para isso. “Como os varejistas da fronteira já se prepararam, se planejaram para essas compras, pode ser que eles equilibrem essa subida do dólar, dando desconto no preço final do produto. Então, com isso, eles não perdem tanto fluxo de vendas”.
Dicas
Para quem vai tentar a sorte em busca de promoções, a dica de Barrigosse é evitar o parcelamento. “O ideal é não comprar nada a prazo. Porque, com essa oscilação do dólar, você pode retornar da sua viagem e o real estar ainda mais desvalorizado frente ao dólar no futuro”.
Quem pretende conhecer outros países adeptos da moeda americana também deve ser impactado. “Para o turista sul-mato-grossense que vai viajar ao exterior, o passeio deve ficar mais caro. A sugestão é, durante um bom período antes da viagem, comprar moeda internacional para o país que você vai, seja o dólar ou euro”, explica o economista.
Oportunidade
No turismo e no varejo, o momento é de pés no chão, mas quem trabalha com exportações tem a chance de aumentar o faturamento. “Essa valorização do dólar e desvalorização do real faz com que nossos produtos sejam mais competitivos no mercado internacional. Isso é benéfico para quem é exportador”.