Recentemente, Mato Grosso do Sul enfrentou condições climáticas extremas. O calor e a baixa umidade do ar foram tão severos, que bateram recordes históricos em alguns municípios, como 9% de umidade relativa do ar em Rio Brilhante, no dia 25 de setembro, situação quase desértica, e calor de 43C° em Porto Murtinho, outro recorde registrado no mesmo período. Os dados são Cemtec, o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima.
Agora, a preocupação dos meteorologistas é com a primavera que, historicamente, é considerada a estação do ano com maior ocorrência de tempestades severas e, além disso, terá influência direta do fenômeno atmosférico e oceânico El Niño, que pode elevar ainda mais as temperatudas no estado.
O El Niño é um fenômeno caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical e, por consequência, gera mudanças nos padrões de circulação atmosférica, que impactam no regime de chuvas e nas temperatuas do país.
De acordo com o meteorologista do Cemtec, Vinícius Sperling, o que se sabe até o momento é que todos os dados coletatos centro de monitoramento indicam que outubro terá sim uma nova onda de calor.
"Historicamente, outubro é o mês com maior registro de tempestades severas no estado, como exemplo a tempestade de poeira que ocorreu em outubro de 2021. Esse período também é conhecido pelas altas temperaturas e, somado ao El Niño, nos indica que o mês terá temperaturas próximas aos 40C° em Mato Grosso do Sul", afirma.
Ainda de acorodo com o meteorologista, após choques térmicos, as ondas de calor podem provocar também tempestades, com rajadas de vento e descargas elétricasnão. Mas, por enquanto, não se pode mensurar o impacto do fenômeno nos próximos três meses de primavera.
"Nós já tivemos um 'super El Niño', que ocorreu em 2015/2016 e temos a iminência de que este El Niño seja tão intenso quanto ele. No momento estamos em um El Niño moderado, mas as projeções indicam que ele pode se tornar forte. Como outubro é um dos meses mais quentes em MS, é provável que, por contado fenômeno, nós tenhamos temperaturas ainda mais quentes no estado", explica.
Planejamento
A mudança climática preocupa também a Energisa, concessionária de energia do estado que possui 74 municípios atendidos e mais de 1 milhão de unidades consumidoras. Nesta quinta-feira (28), a concessionária realizou um encontro com a imprensa da capital para apresentar o plano de contingência elaborado para lidar com as possíveis adversidades climáticas dos próximos meses.
De acordo com o gerente de operações da Energisa, Helier Fioravante. o plano conta ao todo com 292 ações pelo estado e algumas já estão em andamento.
"O plano de contingência da companhia, ele consiste em um trabalho conjunto, seja a distribuidora, os órgãos municipal, nacional, estadual e os veículos de comunicações. Nós já temos ações correntes como antecipação e ampliação de malha logística de materiais, antecipação de treinamento de colaboradores, revisões de processo, realizações de drills, que são simulações de contingências em tempo real, pra quê? Pra testar e estressar o sistema e garantir que tudo está funcionando da melhor maneira possível", afirma o gerente.
Ainda de acordo com o gerente, o plano vai também evitar oscilações de energia devido à sobrecarga, como aconteceram nos últimos dias com as altas temperaturas.
"O planejamento ele cobre desde a parte de chuvas, tempestades e ondas de calor, tá? Então, em relação a ondas de calor, a Energies já tinha se antecipado e
trocado transformadores e equipamentos que já sinalizavam situações. Evitando o caos no momento desse. Situações pontuais podem acontecer? Sim. O sistema é passivo de talvez ter alguma situação, mas ele acontece de maneira pontual e não generalizada. É importante reforçar que não tivemos nenhuma cidade ou município desabastecido por questão de onda de calor. O que a gente teve foram situações pontuais que ocorreram", completa.
E o aumento do consumo de energia será sentido também na conta de luz nos próximos dias, e o Coordenador comercial da energisa, Jonas Ortiz, explica bem essa relação.
"Assim que a temperatura vai aumentando, a gente percebe uma utilização maior de energia, principalmente do nosso cliente residencial, até tentando minimizar essa sensação térmica. Então, a utilização de ar-condicionado, a própria geladeira se esforça mais durante o dia ou durante a noite, quando a temperatura externa é maior. Lembrando que, quando tem mais esforço do aparelho, tem maior consumo de energia e a hora que for emitida a fatura, esse consumo acaba computado. Até porque a conta tem a questão tarifária, tem a questão dos impostos, que quanto maior o consumo, o imposto também incide maior e acaba gerando um valor um pouco mais significativo para o cliente. Então, o nosso objetivo é exatamente fazer esse alerta para que o cliente consiga fazer o seu consumo consciente, não é deixar de usar, mas que ele consiga fazer o seu consumo consciente e que a conta caiba dentro do orçamento familiar", explica o coordenador.
O coordenador ainda fala sobre recordes de consumo de energia restrados nos últimos dias.
"Nos últimos dias, do dia 21 ao dia 26, nós tivemos três recordes de consumo, todos registrados à noite, por volta das 22 horas. É o momento de grande utilização do nosso público de cliente residencial, justamente acionando, principalmente o ar-condicionado. Ele tem um consumo maior de energia, obviamente tem ventiladores, tem a própria geladeira, mas é o ar-condicionado, neste momento, que puxa a maior quantidade de energia. Então, numa casa, você tem um ou tem dois ar-condicionados, acaba tendo um consumo maior. Inclusive, é anunciado agora, recentemente, que as vendas de ar-condicionado aqui em Campo Grande, por exemplo, aqui no estado, elas triplicaram. A gente está falando de maior consumo dentro da residência, consequentemente, maior valor neste período onde as pessoas estão buscando maior seu conforto", conta.
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