O Ministério da Saúde registrou a doação de 253 mil litros de leite humano a partir da ação de 198 mil mulheres em 2023. Com isso, cerca de 226 mil recém-nascidos foram diretamente beneficiados em todo o Brasil. No último ano, no estado de Mato Grosso do Sul, foram doados 6,5 mil litros de leite que beneficiaram 4,5 mil bebês. Em âmbito nacional, o número de doações é 8% maior do que o registrado em 2022, alcançando 55% da necessidade real por leite humano no país.
Para ampliar ainda mais esse quantitativo, o Ministério da Saúde lançou a campanha ‘Doe leite materno: vida em cada gota recebida’. A meta para 2024 é ampliar mais 5% a oferta de leite materno a recém-nascidos internados nas unidades neonatais do país.
E campanhas de arrecadação serão realizadas também durante este mês nos bancos de leite em Mato Grosso do Sul, que precisam de mais doações.
No Hospital Regional, em Campo Grande, o estoque está baixo e são necessárias mais doações. De acordo com a nutricionista responsável técnica pelo banco de leite humano do hospital, Fernanda Menezes, a unidade atende cerca 50 a 60 bebês, possui 35 doadoras por mês e são necessárias estratégias para que o hospital consiga continuar atendendo os bebês mesmo com o estoque baixo.
"O estoque está baixo, nós estamos aproximadamente com 5 litros de leite, que deve dar no máximo para uma semana. Normalmente a gente tem média 30 bebês que precisam do leite, mas aí como o volume é baixo, a gente prioriza os bebês mais graves. Se eu fosse mandar para todos os bebês internados da UTI, da Unidade Intermediária Neonatal, o leite do banco de leite, a gente usaria esse leite em um dia. Então a gente consegue usar mais dias, porque priorizamos os bebês menores e daí acaba ficando um tempo maior o estoque" afirma a nutricionista.
No Hospital Universitário, no comparativo dos meses de janeiro a abril, em 2023 foram registradas 448 doadoras e 320 litros de leite doados e 110 bebês foram atendidos, neste mesmo período em 2024, 287 mulheres realizaram a doação de 217 litros de leite e 134 bebês foram atendidos, mostrando assim uma diminuição no número de doações, mas um aumento no número de bebês atendidos, grande parte deles prematuros que necessitam ainda mais do leite humano. Como conta a enfermeira responsável técnica pelo banco de leite do Hospital Universitário da capital, Edilene Villalba dos Santos.
"Além do número de doações ter caído muito no último mês, a gente percebeu um aumento muito grande no número de prematuros. O número de prematuros extremos nascidos e que, graças a Deus, têm conseguido sobreviver, é muito maior hoje do que há um tempo atrás. Então aumenta o número de demanda de bebê que precisam desse leite, mas diminui o número de oferta, porque a mãe da prematura é uma mãe que tem a menor quantidade de produção, principalmente porque o bebê não vai para o peito ao nascer. Então, a demanda dele aumenta, mas a produção da mãe diminui, que é quando a gente precisa mais ainda do estoque do banco de leite", explica a enfermeira.
Já na Santa Casa de Campo Grande o cenário é positivo, cerca de 53 a 55 crianças são atendidas por mês e a quantidade de leite doado neste ano aumentou em comparação com o ano passado. Como conta a nutricionista responsável técnica pelo banco de leite na Santa Casa de Campo Grande, Isabella Santana Tozzi.
"Em 2023 a gente recebeu em média 630 litros de leite durante o ano todo. Comparando até abril, nós recebemos 193 litros de leite até abril de 2023 e até abril de 2024 nós já recebemos 337 litros de leite. Então a gente pode observar um aumento no número de doações e isso é muito bom. A gente também faz as visitas domiciliares, ano passado a gente realizou em média 250 visitas por mês e nessas visitas a gente faz a captação e recolhimento do leite. E em relação à distribuição, a gente distribui aqui em média 130 litros de leite por mês", informou a nutricionista.
A professora, Lívian Leonel, conheceu o banco de leite durante a gestação e decidiu ser doadora. Ela possui um filho de um ano cinco meses e é doadora de leite há mais de um ano, devido a grande produção. Antes, conseguia doar cerca de 1 litro de leite por semana e hoje continua a doação com cerca de 800 ml por semana. Ela fala sobre a importância da doação.
"Eu acho que a doação de leite é importante porque a gente está salvando outras vidas, a vida de outros bebês. E muitas mulheres acabam desperdiçando o leite, joga fora ou, às vezes, não entende mesmo da amamentação, não entende como funciona o fluxo do leite e das as fases do leite e acaba achando que não tem leite suficiente nem para o próprio bebê, quanto mais para doar para outro. Só que quando a gente conhece a importância da doação de leite, a gente vê que cada gota importa e isso faz toda a diferença. Eu só fui ter essa noção mesmo quando meu filho nasceu, que daí eu comecei a ter mais contato com o mundo da amamentação e aí que eu vi que realmente cada gota de leite importa, tanto para o seu bebê quanto para outros bebês", contou a doadora Lívian.