Em menos de uma semana, a fiscalização policial e aduaneira na região de Corumbá-MS, na fronteira com a Bolívia, flagrou o segundo transporte de fetos de lhama empalhados e calcificados, trazidos ilegalmente ao Brasil.
A primeira apreensão ocorreu no dia 30 de maio, quando 150 fetos foram encontrados e, na operação dessa quinta-feira (6) realizada por agentes da Receita Federal, policiais militares e representantes do Ministério da Agricultura (Mapa), foram apreendidos mais 25 animais, totalizando 175 fetos de lhama.
Um boliviano, de 25 anos, foi flagrado em um ônibus com os fetos escondidos entre roupas e alimentos. Ele confessou que levava os artigos para serem comercializados em São Paulo, capital, onde cada unidade seria revendida por cerca de 250 reais.
O homem foi liberado para seguir viagem e, conforme a Receita Federal e o Mapa, todos os fetos apreendidos serão incinerados para evitar risco de contaminação por alguma doença já erradicada no país.
TRADIÇÃO ANDINA
Na cidade de La Paz, na Bolívia, os fetos empalhados são encontrados no chamado "Mercado de las Brujas", ou Mercado das Bruxas, onde são vendidos desde artigos de feitiçaria a ingredientes místicos das mais variadas procedências.
Os fetos de lhama – mamífero típico da Cordilheira dos Andes – são considerados amuletos contra o azar e também são utilizados em oferendas à divindade andina Pachamama, a “Mãe Terra”, de acordo com as tradições de povos originários bolivianos.
Anualmente, em 1º de agosto, é comemorado o Dia da Pachamama, em gratidão pela proteção à vida e abundância nas colheitas e criação de animais. Mas as celebrações podem durar o mês todo e muitas famílias ainda enterram um feto de lhama embaixo das casas como forma de proteção, saúde e boa sorte.
Veja fotos do Mercado das Bruxas, em La Paz, e de rituais celebrados no dia da Pachamama.